quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Fim do mundo!?

Lendo as notícias dos últimos dias, reparei em algumas coisas:

Em 1986, a banda The Smiths gravou Panic, que começa assim:
"Panic on the streets of London
Panic on the streets of Birmingham
I wonder to myself
Could life ever be sane again?"
(Pânico nas ruas de Londres
Pânico nas ruas de Birmingham
Eu me pergunto
Se a vida poderá ser sã novamente?)
e em agosto/2011, vemos a sucessão de saques, incêndios e violência em Londres, Birmingham, Tottenham...

Em 1986, Renato Russo e a Legião Urbana já diziam em Índios:
"E o futuro não é mais como era antigamente"
e em 2011 vemos a Europa enfrentando forte crise econômica e os EUA (USA, se você preferir), indo ladeira a baixo em estagnação, desemprego, crise econômica e outras crises, esfacelando algo que parecia mais sólido e mais eterno do que foram o Império Britânico e o Império Romano.

Junte-se a isso as diversas "profecias" de fim do mundo - 21/12/2012, 22/12/2012 ou 23/12/2012 (isso mesmo, tem gente que diz haver uma divergência no cálculo da data e que por isso o dia correto ainda não pode ser definido); também já ouvi falar que será em 2013, 2015, 2019...

Será que, como a banda R.E.M. gravou em 1987,
"It's the end of the world as we know it (and I feel fine)"?
[é o fim do mundo como o conhecemos (e eu me sinto bem)]

É interessante ver como a arte tantas vezes antecipa a realidade e reflete a vida. E essas "coincidências", o que são? Seriam profetas os artistas que escreveram essas músicas? Seriam todos descendentes de Nostradamus?

Na verdade, os artistas são pessoas com maior sensibilidade, sim, mas que têm outra grande diferença em relação às demais pessoas: eles ESCUTAM sua sensibilidade e procuram viver com ela (bem ou mal; isso é outra história), enquanto a maioria de nós tenta ignorar, esconder ou sufocar a própria sensibilidade, por isso ser coisa condenada neste mundo corporativo, competitivo e selvagem que modela a maior parte dos comportamentos atualmente.

O que a sensibilidade expressa pelos artistas nos confirma é que, sim, isto é o fim do mundo; que todos os dias é o fim do mundo como o conhecemos, pois é característica fundamental da Vida ser dinâmica e ter mudanças.
Acomodados ou alienados, nós é que não percebemos as inúmeras pequenas mudanças que ocorrem todos os dias, e só nos damos conta quando essas mudanças viram uma grande mudança que nos pega de surpresa.

É como os deslizamentos de terra nas encostas dos morros: a água penetra, penetra, penetra, vai deslocando a capa de terra sobre a pedra, até que atinge massa crítica e desliza, arrastando tudo em seu caminho, e nós achamos que esse clímax aconteceu "de repente", que foi falta de proteção divina, quando o ocorreu foi uma seqüência de fatos naturais, aplicação de leis da física, curso normal da natureza - tudo que funciona apesar de nossa ignorância, ingenuidade ou desconhecimento.

A crise econômica nos países do chamado Primeiro Mundo, por mais dolorida que pareça à primeira vista, não deixa de ser muito útil: no ritmo de consumo que essa sociedade impôs, precisaríamos de mais dois ou três planetas para produzir tudo que se poderia consumir (eletrônicos, carros, roupas, etc), muito mais por mero impulso dirigido (consumismo artificial estimulado) do que por real necessidade.
E mais um ou dois planetas só para colocar o lixo produzido por esse consumo desenfreado.
Com a crise, o foco sai do supérfluo e volta ao necessário.

Se lembrarmos que a população do mundo já está na casa de sete bilhões - tem mais gente viva hoje no mundo do que todas as pessoas que já morreram ao longo da história do ser humano - é mero exercício aritmético ver que o modelo de sociedade atual é inviável para a população atual - sem considerar os problemas morais, éticos, etc.

Então, é o fim do mundo? SEMPRE é. Mas, e se for mesmo o FIM DO MUNDO, APOCALIPSE, DIA DO JUÍZO FINAL, ARMAGEDON, RAGNAROK, O HADES SE ERGUER, ETC.? Ora, se é mesmo a época em que homens, anjos e deuses precisam colocar suas contas em dia, não serei eu que irei alterar o saldo desses bilhões de pessoas; se eu cumprir a minha parte, buscando ser uma pessoa melhor e colaborando para o mundo ser melhor, já terei feito muito, e me darei por satisfeito. Responsabilidade, comprometimento e consciência são artigos raros hoje em dia, e eu preciso fazer bom uso do que tenho.

Enquanto o Sol se erguer, eu seguirei em frente; quando o Sol não mais raiar, o resto é mera discussão acadêmica.

Está na Hora de Urano!

Um comentário:

Christine disse...

Cao, excelente reflexão!
Abraço!