Fiquei dois dias sem acessar meu e-mail, e isso já foi o suficiente para quase 100 mensagens se empilharem, disputando meu tempo e minha atenção, com suas propagandas, powerpoints bonitinhos ou profundos ou descartáveis, avisos, recados, respostas...
Isso me lembrou de um estudo que dizia que atualmente uma edição do New York Times ou da Folha de São Paulo tem mais informação que uma pessoa comum do século XVII tinha durante sua vida inteira.
Some a isso os e-mails, facebook, tweeter, revistas, livros, sites, e tudo o mais que as pessoas têm para disputar sua atenção, e temos uma aceleração e sobrecarga dos processos mentais, sensoriais e cognitivos, como jamais houve na história do ser humano.
Assim como na minha pilha de e-mails, como se faz para distinguir o que é importante do que pode ficar para amanhã e do que amanhã já não terá sentido nem necessidade, sem precisar examinar item por item, gastando nesse processo as 24 horas do dia, a paciência, a energia e a sanidade?
Achei um indício de resposta no volume 4 de “Vagabond – A História de Musashi”, de Takehiko Inoue: num diálogo com o monge Takunen, este diz a Musashi:
“Se ficar apegado a uma folha, não enxergará a árvore.
Se ficar apegado à árvore, não enxergará a floresta.
Não deixar o espírito fixo sobre um único ponto.
Não ver o detalhe, para enxergar o todo.
Esse é o significado da verdadeira ‘visão’.”
Na minha interpretação, é parar de procurar quais são as coisas importantes e dar a elas a chance de se manifestarem, de serem sentidas. O que ainda não é importante terá o tempo certo de aparecer, e o que já não é mais importante, que siga para o arquivo morto do Tempo.
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