segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Santa Preguiça, Batman!

A postagem da semana passada ficou para esta. Pela velha falta de tempo, mas também por uma boa dose de...pura preguiça.

É nisso que dá tratar a agenda como se fosse um jogo de Tetris, tentando preencher todos os espaços vazios e aproveitar cada um daqueles 1440 minutos do dia: a produtividade sobe a princípio, mas depois descamba, porque nem máquina agüenta trabalhar a 100% o tempo todo.

Humanos, então, nem pensar, mas a gente vive se esquecendo disso, e chega uma hora em que o cansaço, a inhaca, a preguiça, cobram seu preço.

Preguiça é ruim? Sempre me disseram que sim, que era até pecado. Como tudo na vida, se a gente aceita a primeira definição sem pensar a respeito, pode ser que não faça a melhor escolha. Então, resolvi pensar - pelo menos desta vez...

Preguiça é pecado ou predicado? Acho que ter preguiça é uma característica que, dependendo da opinião, do contexto e do resultado, pode ser uma qualidade ou um defeito - sem pré-conceitos. O que você faz com a preguiça, ou o que a preguiça faz com você?

Domenico de Masi, em seu livro O Ócio Criativo, defende a validade e a necessidade da pausa, do tempo dedicado ao descanso e ao cultivo das condições para o raciocínio criativo, aquele que faz a diferença no trabalho e na vida. Quem realiza trabalho intelectual, que requer processamento de informações e ponderação, sabe quão válidas são essas considerações.

Churchill fazia e recomendava uma siesta de pelo menos 15 minutos após o almoço, para recuperação física e mental. Toda tarde, tonto de sono, concordo com ele: o tempo que perco tentando ficar acordado e recuperar a capacidade de prestar atenção e raciocinar é muito maior do que os 15 ou 30 minutos de siesta que me deixariam mais disposto e produtivo.

É por isso que, quando tiver minha empresa, a siesta será obrigatória. Hum, pensando melhor, quando puder ter minha empresa, vou é fazer coisa mais interessante e uma siesta mais longa :-)
Napoleão dizia que a melhor solução para um problema é dada pelas pessoas inteligentes e preguiçosas: elas sempre buscarão a melhor solução com o menor esforço possível. Ele complementa: as pessoas ativas e inteligentes já tem suas próprias cruzadas; as burras e preguiçosas só servem para cumprir ordens e serem usadas como bucha de canhão; e as burras e ativas devem ser fuziladas, pois só causam problemas... exageros à parte, isso dá o que pensar.

E para aqueles de nós que estão 99,9% das vezes atrasados para fazer alguma coisa,repito o que Gandalf respondeu a Frodo sobre seu suposto atraso, em O Senhor dos Anéis: "Um mágico nunca está atrasado ou adiantado. Ele chega na hora exata em que pretendia chegar." Não sou mágico, mas sinto que essa justificativa serve bem para mim :-)

E é por isso que hoje eu resolvi
ir mais devagar
pra começar eu despedi
o despertador...

domingo, 23 de novembro de 2008

Já virou dezembro meu janeiro...

Este blog é uma daquelas idéias que passam tanto tempo em gestação, que já nascem velhas.
Outras, então, nunca se materializam. Assim, antes tarde do que mais tarde.

E por que isso acontece? Vontade não falta, mas tempo, ah, o tempo... parece que cada vez mais tem menos dele. O dia continua com as mesmas 24 horas (1440 minutos!) mas alguém deve estar usando as minhas, pois nunca dá para fazer nem metade do que preciso.

Já ouvi sobre a freqüência de base (ou pulsação) da Terra estar acelerada, sobre a Ressonância Schumann ter acelerado drasticamente, e criei também a minha teoriazinha: existe um buraco negro, no futuro próximo. Como buracos negros são uma concentração exagerada pacas de gravidade, a ponto de prender até a luz e distorcer o tempo, deve ter um deles logo aí na frente, virando as folhinhas do calendário e acelerando os nossos dias cada vez mais. O que vai acontecer quando chegarmos nele, eu (ainda) não sei. Quem sabe (re)aprenderemos o valor das coisas, das pessoas, e do próprio tempo. Ou então não precisaremos mais nos preocupar com isso (e talvez com mais nada).

Falando (um pouco mais) sério, temos boa parcela de culpa dessa situação em que somos reféns dos acontecimentos e ficamos aflitos com nossa incapacidade de usar nosso próprio tempo, nossas queridas 24 horas, 1440 minutos, 86400 segundos diários: nos acostumamos e nos acomodamos em receber estímulos e reagir a eles, aceitamos a correria e tudo que cai sobre nós, sem questionar, sem procurar alternativas, apenas tentando dar conta do que aparece.

Funcionamos no piloto automático, ou como disse Bertrand Russel, de forma mais elegante:
“Os grilhões do hábito são leves demais para serem percebidos, até que se tornam pesados demais para serem rompidos.”

Pior ainda: na onda da globalização e da competição cada vez mais selvagem, viramos 24 (horas) por 7 (dias por semana) por 365 (dias por ano) para o trabalho e para outras coisas urgentes... e deixamos para depois as coisas importantes mas que (ainda) não são urgentes, como o lazer, nossa espiritualização, nossos amigos, nós mesmos:

já virou dezembro meu janeiro
lá se foi outro ano inteiro
e onde estava eu enquanto isso?
Atraso, fila, serviço,
hora extra, spam, reunião,
trânsito, stress, confusão,
e ainda a tal globalização...

amores, amizades, simpatias
ficam para trás na corrida
para manter as contas em dia...
o bom humor, nalguma gaveta ficou
o sorriso se plastificou
gerente-minuto, entrega na hora
só se é importante
da boca pra fora?

Homem moderno
não aprendeu com o passado
homem eterno
ainda faz muito errado
homem de terno
deixe de ser robotizado
solte o homem interno
chega de ser calado.