terça-feira, 25 de outubro de 2011

Não sou perfeito... ainda!

Estava relendo um texto meu e pensei - provavelmente pela centésima vez nesta semana e pela zilhonésima vez na vida - que "eu poderia ter feito melhor"; no piloto automático, lá veio a velha cobrança perfeccionista que aflige todo mundo que tem o signo solar, o Ascendente ou a Lua (eu!) em Virgem, ou Saturno em Casa angular, ou um stellium (um monte de planetas juntos) na Casa VI (eu, de novo!)...

Antes de me auto indicar um Crab Apple - um Floral de Bach recomendado para pessoas muito perfeccionistas e detalhistas, que cobram muito a si mesmos - acendeu-se a clássica lampadinha sobre a minha cabeça e complementei a minha crítica inicial:

Sim, eu PODERIA ter feito melhor SE naquele instante eu tivesse a experiência, o conhecimento, a intuição e o discernimento que tenho agora... como não tinha, fiz o melhor possível naquela ocasião.
Se eu ficar sempre me cobrando por não ter feito melhor tudo que já fiz na vida, repassando na minha mente o que poderia ou deveria ter sido, ficarei preso eternamente no mesmo lugar, patinando na minha falta de perfeição e falta de caridade com as minhas próprias deficiências.

Ao invés da cobrança desmesurada por não ter atingido a perfeição, o melhor - para mim e para o mundo que convive comigo - é manter meu empenho em sempre fazer o melhor possível nas circunstâncias existentes.

A Consciência Cósmica - um dos muitos nomes de Deus (ou será que Deus é um dos muitos nomes da Consciência Cósmica? Pensarei nisso depois) - em sua infinita sabedoria (muito maior que a minha ignorância) cuida, com suas leis universais, para que eu, um dia, chegue à máxima perfeição possível para uma criatura.

Então, quando vier aquela cobrança automática do "eu poderia ter feito melhor", vou responder a mim mesmo: "Não sou perfeito... ainda!".

Preciso de todos vocês

Passei uma semana cada vez mais pesada e estressante. Aí, tive um final de semana completamente oposto: um curso legal, num lugar agradável, com pessoas especiais.

Naturalmente, eu não queria voltar à rotina na segunda-feira; queria prolongar - eternizar, quem sabe - a situação boa, e jamais voltar para a situação mais desagradável.

Foi aí que o monte de coisas que tenho lido, estudado, pensado e tentado praticar sobre espiritualidade, finalmente fez brilhar uma luzinha na minha cabeça, e me levou a entender que ambos os extremos são ruins, tanto pelo excesso quanto pela ausência - sim, até mesmo coisa muito boa, em demasia, faz mal.

Explico: as coisas boas, sempre propiciadas por alguém ao nosso redor, são ótimas para massagear nosso ego, nos dar o alívio e a satisfação que precisamos, nos ajudar a nos recuperar das refregas diárias da vida, mas... se só tivermos coisas boas, ficamos mal-acostumados, indolentes, preguiçosos, folgados, molengas, auto-indulgentes, e por aí vai.

Por outro lado, as dificuldades, sempre causadas por alguém no trabalho, na família, na rua, no trânsito, na comunidade a que pertencemos - desde o bairro até o país todo - nos obrigam a lutar, a crescer, a aprender, a nos depurar, a nos fortalecer, mas... se só tivermos dissabores, ficaremos frustrados, revoltados, vingativos, etc.

Ou seja, no momento cósmico em que eu estou - e acho que a maioria do planeta, também - preciso das duas coisas. O Yin e o Yang nunca foram tão atuais.

Assim, preciso de todos vocês: meus amigos queridos, minhas pessoas amadas, meus desafetos, os desconhecidos por mim ou de mim, os indiferentes a mim.

Por isso, conte comigo; vai ter momentos em que serei legal, em outros serei um chato, posso ser insuportável, mas também surpreendentemente útil e agradável.

E posso contar com você, também?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pó de estrelas

Do céu viemos, pela terra passamos, e ao céu retornaremos.

Nessas passagens de um ambiente para outro modificamos o ambiente e por ele somos modificados.

Pó de estrelas, matéria-prima de anjos, componentes divinos: somos a vida, que sempre se transforma e é a única constante num universo de impermanências.

Quando vislumbramos isso fica mais fácil descartar o orgulho infantil, como quem deixa uma roupa rota e sem mais utilidade, e aceitar o manto luminoso e libertador da humildade.

E com esta, os próximos quesitos da escalada evolucionária ficam mais acessíveis: compreensão, abnegação, dedicação, confiança. O que antes parecia ser um fardo, vira incentivo: um evento a mais a ser apreciado pelo bem particular e para o bem comum.

Um fóton é emitido por uma estrela, viaja pelo espaço, é absorvido por uma planta, que realiza fotossíntese e que gera frutos, que alimentam animais, que alimentam outros animais... num ciclo de bilhões de anos essa energia continua a circular nesse mundo, até que esse mundo é transformado pela força titânica de seu sol que tornou-se uma supernova e assim emite energia que chega, como radiação e fótons, a novos lugares na galáxia, e continua a promover o processo de transformação da vida.

O próprio universo está vivo.

Qual é o tamanho e a importância de nossos problemas, posses, desafetos e mesquinharias, diante de tamanha grandiosidade, da qual fazemos parte?

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Integral

Correr. Subir. Voar sobre o arco-íris.

Ir onde só chega a imaginação.

Saber sem perguntar.

Aprender nosso lugar junto às pedras, plantas, insetos, e a todos os animais que já se foram e aos que ainda virão.

Todos os átomos se parecem.

Ao perder o individualismo, ser um ser integral, integrado com o Tudo e o Todo, e ainda assim único.

Exercício de depuração, de crescimento para todos os lados, principalmente por dentro.

Sem lamento. Sem dor. Só consciência.

Vibrando em mais dimensões que a Matemática sabe ou que a Física especula.

Saber. Ser.

Sentimento com razão. Yin com Yang. Qualquer descrição que mostre a grandeza da simplicidade, a união das partes sendo maior que a simples soma aritmética.

Não é loucura, mas às vezes a lucidez extrema soa assim.

Quando não precisamos mais de palavras, mas apenas das sensações, teremos eliminado uma grande barreira ao entendimento.

Aprendamos a nos expressar integralmente. E busquemos também entender integralmente.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Medida do Mundo

Já reparou que tem gente que fala como se estivesse no boteco: diz tudo que lhe vem à cabeça, sem a menor preocupação com coerência, ou sem compromisso em mais tarde fazer o que falou - na verdade, sem sequer se lembrar do que falou? O importante é falar e chamar a atenção?

E que outras pessoas agem como se tudo que conversam com os outros fosse registrado numa ata de reunião, para ser cumprido com prazos e responsabilidades?

E que entre esses dois extremos, tem gente que fala palavras que interpretam de maneira diversa da que nós interpretamos?

Vemos que existe uma enorme variação de formas de expressão e interpretação; praticamente uma para cada pessoa. Só que a expectativa criada por nós tem por base a nossa própria interpretação, e é aí que começam os problemas de comunicação: nós somos a medida do mundo, perante os nossos próprios olhos, ainda que de forma inconsciente.

Assim, criamos expectativas, temos decepções, frustrações, revoltas, etc, pelo simples fato de termos projetado sobre as ações e principalmente sobre as palavras dos outros, a nossa própria interpretação, como se tudo que os outros fazem / dizem tivesse como diretriz o que nós fazemos / dizemos...

Uma pessoa diz "volto já!", e realmente busca retornar o mais rapidamente possível; outra, ao dizer a mesma coisa, vai voltar se e quando lhe for mais conveniente. Dependendo da nossa interpretação, vamos ficar irritados com ambas, pois pode ser que para nós, esse simples "volto já!" signifique "volto em até um minuto!" (senão deveríamos dizer "volto em alguns instantes").

Quando nossa medida do mundo é apenas nós mesmos, com nossos anseios, limitações e o restante de nossa bagagem intelectual, emocional e espiritual, estamos propensos a conflitos desnecessários, simplesmente por ignorar a variedade complexidade das outras pessoas com que interagimos constantemente, e às quais é necessário que busquemos compreender, para também sermos compreendidos, e gerar menos ruído nas nossas comunicações.

Ainda não sei qual seria a melhor - ou pelo menos uma boa - medida do mundo, mas estou procurando expandir e calibrar a minha medida atual ;-)

sábado, 1 de outubro de 2011

Faça a coisa certa, pelo motivo certo

Numa palestra que assisti, dias atrás, englobando Tantra, Yoga, etc., uma monja falava sobre Kundalini.
Disse que essa movimentação de energia, conseguida pela meditação, quando percorre os principais chakras e chega ao chakra do topo da cabeça, ocorre o Samadhi, ou o êxtase inexprimível, resultado da conexão da consciência individual à consciência universal, e que isso é a coisa mais maravilhosa que existe.

Quase todos presentes à palestra soltaram seus "oh!" e "ah!", e comentários cochichados do tipo "eu também quero!" - e eu me senti um ET ali no meio porque não senti a menor vontade de unir minha consciência - vá lá, pequena e com pouco brilho, mas é o que tenho - à Consciência Universal, que não deve sentir assim tanta falta da minha contribuição.

Dias depois, em outra palestra, desta vez numa casa espírita, a expositora narrava uma revisão da colônia espiritual "Nosso Lar", e comentou que uma das diretoras de lá, a ministra Veneranda, já acumulara mais de um milhão de bônus-hora - algo como um milhão de horas trabalhadas em benefício dos outros.
(Se considerarmos que ela trabalhe dez horas por dia, de segunda a domingo, dá 3650 horas por ano; assim, um milhão de horas dá cerca de 274 anos de trabalho, todos os dias, dez horas por dia.)

Novamente, me senti um estranho no ninho: as pessoas ao meu redor soltavam curtos comentários de admiração mesclados com certa inveja, pensando na "glória" de atingir tais números, e eu sem a menor vontade de ser nem um décimo altruísta e dedicado assim...

Com isso tudo, me lembrei de um episódio de Babylon 5, uma série de ficção científica da década de 1990 - e a melhor que já vi - onde a mensagem do episódio era: "faça a coisa certa, pelo motivo certo".

Será que todos os que querem o tipo de destaque que tiveram Gandhi, Chico Xavier e Madre Teresa, ou "apenas" atingir o Samadhi ou acumularem milhares de bônus-hora, estão mesmo conscientes do que querem e do que fazem, ou querem isso apenas para ter a fama que parece tão boa quando os outros a têm, mas que não temos ideia do que fizeram - e pelo que passaram - para ter essa fama ou essas "benesses"?

Não sei se tenho uma pequena noção do que isso implica, se estou ciente das minhas limitações
atuais, ou as duas coisas juntas; o fato é que me sinto ainda muuuuuuiiitooo longe desse caminho da santidade, ou da mera conexão a algo maior, e não tenho a menor vontade de forçar a barra.

Alguém a quem eu possa realmente ajudar, cada novo amigo que eu conquistar, ou cada velho inimigo com que eu conseguir me reconciliar, já estará de bom tamanho para mim.
Todas as filosofias e doutrinas espiritualistas me dizem que somos todos eternos, então não preciso apressar o curso da evolução; fazer a minha parte - e pelos motivos certos - é suficiente para que, quando eu tiver uma satisfação, ela seja pelo que eu tenha feito, de coração, e não como
um mero passo calculado para me levar em direção ao objetivo.