domingo, 6 de dezembro de 2015

Meus amigos virtuais

Já vi comentários e posts dizendo que se o amigo é de verdade ele tem a presença física e não só a presença virtual, que não adianta ter 500 amigos no Facebook e nenhum ao lado na lide diária.

Bem, o Universo sempre mandou todos os amigos, anjos da guarda e demais companhias que eu precisava - e não só o que eu queria - a cada instante, mesmo que no momento eu não enxergasse isso. E por que o Universo iria fazer isso só para mim? O mais provável é que ele faça isso para todo mundo, a todo instante, mas nem sempre a gente perceba ou aceite.

E para mim, neste século XXI onde a vida está cada vez mais acelerada e demandando o tempo que teima em continuar com as mesmas 24 horas por dia e 60 minutos por hora, ter amigos no Facebook, Instagram, WhatsApp, etc., e mesmo no já antigo e-mail, mesmo que fisicamente não consiga encontrar-me com eles nem receber um telefonema, é uma satisfação. Afinal, se o mundo pirou e a vida anda muita corrida para mim, por que eles estariam num oásis de tranquilidade e pouca coisa a fazer?

Quando recebo uma curtida ou um comentário, ou vejo uma notícia legal, interessante ou engraçada, um pedido de solidariedade de gente que em algum momento já trilhou seu caminho junto ao meu, isso serve para reavivar a memória de momentos bons ou importantes da minha existência em que aquelas pessoas estiveram presentes.

É com carinho e com o coração aquecido que vejo um nome desses, que podia estar temporariamente oculto por trás da demanda cotidiana do mundo pela minha atenção; o sorriso automaticamente vai ao rosto, o passado se sobrepõe ao presente com a força do que, por ter sido vivido, ficou eternizado, e é renovada a gratidão por aqueles a amigos e conhecidos do mundo físico continuarem amigos e conhecidos no mundo virtual dos bits e bytes.

Valeu, Galera!


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Descobertas

viver é descobrir
que ser narciso
é viver o prejuízo
de não ver o belo
fora do espelho
e mais além;

que ser livre como o vento
é ser quem tudo toca
e nada tem
pois num momento
está lá, acolá, cá
e logo, adiante também;

que ser eterno (mas não terno)
no instante fugaz
que a paixão cria e logo desfaz
é como querer domar o mundo
apenas com o ego loquaz,
mas que a vida não se detém;

e que mesmo santo
que em casa não faz milagre
quando sai do espelho e vai,
de corpo e alma, a cada canto,
pode transformar a vida de alguém.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Despertar

Tudo o que um dia será
hoje pronto já está
como a árvore que virá a ser
já está na semente, pronta a crescer
o destino é imutável
mas notável é o número
dos caminhos desde o útero
até o despertar inadiável
de Todo e cada Ser

segunda-feira, 18 de maio de 2015

verdades e Verdade

minha verdade
e tua verdade
só são realidade
na mente diferente
de cada um
e só serão A Verdade
quando diferença
não for desavença,
e complementados
e não mais afastados
sejamos Todos Um.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ansiedade

A ansiedade
vem do cansaço
e do desconforto
pelo cindir da unidade
entre corpo e mente;
de repente,
aqui fica metade
e o resto, torto,
vaga no tempo-espaço
do infinito-eternidade.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os passeios do Luka - aprendizados



Au!

No prédio vizinho morava o Quim, um Yorkshire como eu, só que maior, com pelo castanho na cabeça e cinza no corpo. Como todo cão consciente, levava o humano dele para passear na rua todo dia. A gente se via, trocava informações olfativas e continuava o passeio; um sujeito legal.

Até que o humano do Quim começou a passear sem ele. E depois começou a passear com um Golden Retriever. E nunca mais vi o Quim.

É fácil deduzir que o tempo dele aqui neste mundo transitório acabou, como acontece com tudo que um dia nasce. É assim que a vida funciona desde sempre, e continua assim pelo universo a fora.

Senti falta do meu amigo que conhecia desde que éramos filhotes, mas sei que a separação também é passageira: em algum lugar, em algum momento, com outra cara, nos veremos de novo.

Mas também fiquei contente de ver que o humano dele aprendeu a lição: nós - cães, gatos, periquitos, papagaios, etc. - convivemos com os humanos para que eles, ao aprender a nos amar intensamente como nós os amamos, consigam amar-se também entre eles, para que não confundam amor com apego ou posse.

Cada vez que um de nós, não-humanos, deixa este mundo, o humano que viveu conosco fica triste, mas tem a chance da escolha: vai se apegar ao que passou e, com a desculpa de "não quero sofrer de novo", vai evitar exercitar o amor que desenvolveu e se fechar na tristeza auto-imposta, ou vai acolher outra alma não-humana no seu lar e dar a ambos a chance de compartilhar o melhor sentimento do mundo?

Ninguém é substituível, e não se trata de trocar alguém, como uma peça de uma máquina, mas sim expandir os sentimentos bons e  mostrar que se aprendeu que não importa se são duas ou quatro pernas; se late, mia, pia, grasna ou fala outra língua; se tem pelo, pena, ou só cor diferente na pele; que o importante é amar, cuidar e compartilhar.

Au!


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Os passeios do Luka - ainda há esperança



Au!

Dia desses, passeava eu com meu humano macho, quando vimos pifar o carro velho de outro humano, na nossa frente.

Meu humano, bem treinado, já ia colocar a minha guia em algum portão - muitos humanos são meio perdidos e precisam colocar guia e coleira em nós para conseguir nos encontrar se nos afastamos deles - para então ajudar a empurrar o carro velho que estava no meio da rua, quando vieram correndo dois
lixeiros, do caminhão de lixo que chegava perto, e juntos empurraram o carro até ele embalar e pegar no tranco.

Fiquei animado: pelo menos quando o interesse próprio deles não está ameaçado, eles se lembram que são parte de uma única e imensa matilha, e se ajudam uns aos outros. Ainda há esperança para os humanos.

Au!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Os Passeios do Luka - treine fazer o que é certo


Au!

Dia desses estava levando meu humano macho para passear, quando vi algo que me deixou chateado: outro irmão canino, modelo salsichinha, fez seu cocozinho na calçada, como todo cão faz - os gatos é que instintivamente enterram o que fazem - e o humano dele não recolheu a caca! Os dois foram embora e o montinho ficou ali, no meio do caminho de todo mundo! O meu irmão canino não treinou o humano dele a sair com papel e saquinho e recolher os detritos!

Cara, isso não pode! Se não treinarmos os humanos a fazer o que é certo, como recolher o nosso cocozinho da rua, logo esses humanos meio lerdos vão jogar bituca de cigarro no chão (ou pela janela do do apartamento), vão jogar lixo pra fora da janela do carro ou do ônibus, contaminar as suas próprias fontes de água potável...

Ensine o seu humano que ele não vive isolado e sem responsabilidades, para que ele se acostume a fazer o que é certo.

Au!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Lua em Leão

Com a Lua em Leão
todo mundo quer tudo do bom
e do melhor,
quer holofote, atenção,
fica ousado,
mas, cuidado
para não aflorar o seu pior
ao rugir muito
e se achar o rei da cocada preta,
porque os outros leões rugem de volta
e aí, pode dar treta.

domingo, 25 de janeiro de 2015

PARABÉNS!

Fazer aniversário é bom porque mostra que estamos vivos, firmes e fortes – Alive And Kicking, como já cantava o Simple Minds.

Tem gente que não gosta de fazer aniversário, porque diz que isso lhes recorda que estão ficando velhos. Mas, tecnicamente falando, ficamos velhos a cada dia e o aniversário é só a oficilialização desse envelhecimento em um número definido de anos.

A primeira alternativa para não ficar velho é não ficar velho da cabeça: o mundo está cheio de velhos de vinte anos e de jovens de setenta anos. O corpo físico segue um ciclo natural de nascimento, crescimento, plenitude, decadência e final de ciclo – para algum dia começar de novo, numa infinita espiral ascendente.

A segunda alternativa para não ficar velho é, bem,  não viver. Mas aí não tem graça.

Quando eu era criança, fazer aniversário era sinônimo de ter bolo para comer, uma iguaria rara na vida simples da minha casa.

Na adolescência, fazer aniversário era legal porque ganhava algum presente, e assim me sentia menos distante do tipo de vida de meus colegas e conhecidos.

Adulto, ficava contente com os aniversários porque era dia de comemorar com os amigos, ver e ser visto.

Mas agora, mais maduro (e mais velho, claro!), aniversários são oportunidades preciosas em que chegam mensagens – pessoalmente, por telefone, por WhatsApp, e-mail, Facebook, sinal de fumaça – de pessoas com quem compartilhei algum momento de minha jornada e que a Vida, única como são os caminhos de cada pessoa, temporariamente afastou ou pelo menos diminuiu a convivência.

Mais importante que cada mensagem ou que cada ícone sorridente, é a recordação que vem associada à pessoa que fez o contato: romper o espaço-tempo e acessar novamente momentos valiosos, aquecer o coração ao lembrar-me de acontecimentos marcantes e de companhias queridas, não tem preço.

Por isso, por mais simples que seja um Parabéns!, e mesmo que não seja exatamente no mesmo dia do aniversário, ele é valiosíssimo.


Além disso, como ensinaram a Lebre Maluca e o Chapeleiro Louco a Alice, naquele Maravilhoso País distante, cada pessoa tem um aniversário por ano, e 364 desaniversários. Então, PARABÉNS pelo seu (nosso) Feliz Aniversário! Ou pelo Feliz Desaniversário! O importante é: seja FELIZ! (e com os amigos, fica mais fácil).

Os passeios do Luka: diálogos



Au!

Num dos últimos passeios em que levei meu humano para a rua, repetiu-se um acontecimento frequente: outros humanos que, normalmente, no máximo soltam um “Bom dia” quase inaudível – para os humanos, porque nós, cães, escutamos muito bem – se aproximam, atraídos pela minha presença, sorriem, conversam comigo, e a princípio para não ficar mal, e depois porque recuperam um pouco do seu traço social, conversam também com meu humano.

Os humanos andam cada vez mais ausentes de espírito, preocupados, sisudos, perdidos em pensamentos ou nas telas dos seus pequenos aparelhos sempre presentes, e cada vez mais eles se esquecem de que também são animais sociais.

Felizmente existo eu e meus irmãos caninos, para ajudar a reconectar esses bípedes pelados com um pouco da sua essência social; é irresistível ver um cachorro simpático e não sorrir ou puxar conversa, ficar indiferente.

Meus amigos gatos podem ser campeões de vídeos fofinhos no FaceBook, mas cachorros são imbatíveis para um bom diálogo em carne e osso.


Au!

As preces dos monges copistas

Semanas atrás, conversando com dois amigos – pai e filho – eles comentaram sobre uma das matérias da faculdade que estão fazendo juntos. O pai estava preocupado porque fez em três horas o trabalho que o resto da classe – o filho incluído – levou uma semana para fazer.

Ele estava preocupado porque fez o trabalho acadêmico baseado em sua experiência de mais de vinte anos de trabalho profissional naquele assunto, enquanto que os demais alunos fizeram baseados no procedimento cada vez mais comum de acessar várias fontes de pesquisa e basicamente copiar e colar... e não sabia se o professor apreciaria o valor vivencial que ele, aluno de maior idade e experiência, trazia ao trabalho.

Isso me fez pensar na maravilha do Copiar-e-Colar, ou Copy/Paste, ou Control-C/Control-V: em instantes podemos juntar várias fontes distintas de informação, numa velocidade que os cada vez mais potentes computadores aumentam sem parar.

Em suas entranhas eletrônicas, com os bits de informação fluindo quase à velocidade da luz, os computadores fazem apenas algumas funções básicas, como somar, comparar e duplicar dados, mas essas funções primordiais são combinadas em funções mais complexas e executadas a velocidades alucinantes. A z13,  modelo mais recente de mainframes comerciais da IBM, que mantêm funcionando o cerne das principais empresas da Economia mundial, chega a 141 processadores e executa 110 bilhões de instruções por segundo... e você achava que seu smartphone era poderoso, né?

Como chegamos a tanta velocidade e tanto poder de replicar informação? Eu acho que foi devido às preces dos monges copistas.

Por séculos, o conhecimento foi passado oralmente, de uma geração a outra. A escrita foi desenvolvida e ajudou a preservar e transmitir melhor esse conhecimento. Mesmo assim, a disponibilidade de material – pedra, argila, material feito a partir de fibras vegetais – para registrar as informações de forma a serem decodificadas e compreendidas, e a capacidade de registrar e depois recuperar a informação, levou ainda bastante tempo para se ampliar.

Saber ler e escrever foi, por séculos, assunto árduo e acessível a poucos. O conteúdo dos livros tinha de ser desenhado letra por letra, formando as palavras individuais que se juntavam em frases e assim estruturavam os temas registrados.

Livros – e toda forma de conhecimento escrito – era coisa preciosa e única. A divulgação de qualquer obra requeria o concurso deles, os monges copistas, que podiam levar anos para duplicar um livro.

Devem ter sido tantas as preces desses monges, que finalmente a imprensa foi inventada, e a duplicação dos textos passou a acontecer de forma cada vez mais abundante.

Mas foi no século XX, com a Informática, os computadores e os meios eletrônicos de armazenamento de dados, que duplicar e divulgar praticamente qualquer tipo de informação – escrita, sonora ou visual – se tornou possível. O Copy/Paste foi a resposta definitiva aos séculos de preces dos monges copistas.

Só que ficou tão fácil Copiar e Colar, que cada vez mais gente junta as informações, ajeita a apresentação (mesmo tipo e tamanho da fonte do texto), ou às vezes nem isso, e já passa o produto adiante, sem aproveitar o conteúdo ou nem mesmo se interessar pela consistência do que foi feito e da importância que aquilo poderia – ou deveria – ter.

Tomara que os monges copistas tenham orado também pelo amadurecimento e iluminação de seus sucessores, para não ficarmos apenas replicando as informações sem saber direito para que elas servem.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os passeios do Luka: fogos, bah!



Au!

Nesse primeiro dia do novo ano, em meu passeio matinal as ruas estavam desertas. Só um ou outro humano surgia, de vez em quando, para provar que a cidade não fora evacuada durante a noite, após aquela barulheira infernal dos fogos.

Fogos, bah! Se esses humanos tivessem metade da capacidade auditiva que os cães têm, não estourariam essas coisas, nem ficariam festejando com o som tão alto que parece que não é o ano que está acabando, é o mundo!

Meus irmãos caninos ficam tão assustados, que o trauma é inevitável. Seus humanos, que realmente se importam com eles, ainda não conseguiram convencer os outros humanos sobre a necessidade da moderação.

Aliás, pelas discussões que dava para ouvir entre os alcoolizados ou os que queriam continuar a festança barulhenta madrugada a dentro, e os que pedem o respeito às leis e ao bom senso para poderem descansar, fico me perguntando como esses bípedes pelados querem que o Ano Novo seja realmente de paz, amor e coisas boas, se logo no primeiro instante já estão fora de si, querendo apenas o que julgam ser seus "direitos" e sem respeitar os dos outros humanos, que dizer então dos direitos dos animais?

E depois o irracional sou eu...

Au!