domingo, 23 de novembro de 2008

Já virou dezembro meu janeiro...

Este blog é uma daquelas idéias que passam tanto tempo em gestação, que já nascem velhas.
Outras, então, nunca se materializam. Assim, antes tarde do que mais tarde.

E por que isso acontece? Vontade não falta, mas tempo, ah, o tempo... parece que cada vez mais tem menos dele. O dia continua com as mesmas 24 horas (1440 minutos!) mas alguém deve estar usando as minhas, pois nunca dá para fazer nem metade do que preciso.

Já ouvi sobre a freqüência de base (ou pulsação) da Terra estar acelerada, sobre a Ressonância Schumann ter acelerado drasticamente, e criei também a minha teoriazinha: existe um buraco negro, no futuro próximo. Como buracos negros são uma concentração exagerada pacas de gravidade, a ponto de prender até a luz e distorcer o tempo, deve ter um deles logo aí na frente, virando as folhinhas do calendário e acelerando os nossos dias cada vez mais. O que vai acontecer quando chegarmos nele, eu (ainda) não sei. Quem sabe (re)aprenderemos o valor das coisas, das pessoas, e do próprio tempo. Ou então não precisaremos mais nos preocupar com isso (e talvez com mais nada).

Falando (um pouco mais) sério, temos boa parcela de culpa dessa situação em que somos reféns dos acontecimentos e ficamos aflitos com nossa incapacidade de usar nosso próprio tempo, nossas queridas 24 horas, 1440 minutos, 86400 segundos diários: nos acostumamos e nos acomodamos em receber estímulos e reagir a eles, aceitamos a correria e tudo que cai sobre nós, sem questionar, sem procurar alternativas, apenas tentando dar conta do que aparece.

Funcionamos no piloto automático, ou como disse Bertrand Russel, de forma mais elegante:
“Os grilhões do hábito são leves demais para serem percebidos, até que se tornam pesados demais para serem rompidos.”

Pior ainda: na onda da globalização e da competição cada vez mais selvagem, viramos 24 (horas) por 7 (dias por semana) por 365 (dias por ano) para o trabalho e para outras coisas urgentes... e deixamos para depois as coisas importantes mas que (ainda) não são urgentes, como o lazer, nossa espiritualização, nossos amigos, nós mesmos:

já virou dezembro meu janeiro
lá se foi outro ano inteiro
e onde estava eu enquanto isso?
Atraso, fila, serviço,
hora extra, spam, reunião,
trânsito, stress, confusão,
e ainda a tal globalização...

amores, amizades, simpatias
ficam para trás na corrida
para manter as contas em dia...
o bom humor, nalguma gaveta ficou
o sorriso se plastificou
gerente-minuto, entrega na hora
só se é importante
da boca pra fora?

Homem moderno
não aprendeu com o passado
homem eterno
ainda faz muito errado
homem de terno
deixe de ser robotizado
solte o homem interno
chega de ser calado.