terça-feira, 30 de agosto de 2011

Parteiro de palavras

Gosto muito de ler e de escrever, e dia desses estava pensando sobre aqueles textos que nos encantam, nos surpreendem ou nos colocam a pensar, e sobre o papel do Escritor - com "E" maiúsculo, pois só vale a pena falar dos que produzem algo positivo e construtivo - naquilo que foi produzido; qual Escritor - seja de blog ou de Prêmio Nobel - pode realmente reivindicar todos os créditos por aquilo que materializou no papel (ou na tela do computador)?

Pergunto isso porque, quando comparamos o que o Escritor fala ou escreve normalmente e aquele texto marcante, parece até que foi outra pessoa que escreveu... e acredito que foi mesmo!

Explicando melhor: através da inspiração, o Escritor acessa as ideias no insondável mundo de energias / pensamentos / emoções em que estamos imersos, e através do seu repertório, técnica e conhecimento, ele atua, na verdade, é como um parteiro de palavras, trazendo-as à luz do mundo quadridimensional e promovendo seu agrupamento em famílias - as frases - que por sua vez se unem em clãs - o texto, seja de uma estória, de um relato, de um blog...

Benditos, pois, esses parteiros, que se não trazem a vida, ajudam-na a ter mais brilho.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Máquinas?

Situação A: seis e meia da manhã; o despertador toca, e a vontade é de dar-lhe um murro para que fique quieto e me deixe dormir até um horário menos profano - algo como nove da manhã, quando ao menos haverá luz, menos frio, e meu corpo aceitará ao menos considerar a proposta de sair da cama quentinha, ainda que a contragosto.

Situação B: seis e meia da manhã: acordo antes do despertador, saio da cama disposto a aproveitar o máximo desse dia radiante, com pique para ginástica, as tarefas do dia e até para ir ao trabalho.

Não sou esquizofrênico; a Situação A é Inverno, onde às seis e meia da manhã é dia frio e escuro, e a Situação B é Verão, onde no mesmo horário é dia claro e o calorzinho já se espalha por todos os lados.
Meu corpo, herdeiro de milhares de anos de evolução e de adequação aos ciclos da natureza, trabalha uma gama complexa de hormônios e de neurotransmissores que me induzem a funcionar assim, porque esta é a maneira mais natural e prática de funcionar...

Quanto mais nos afastamos da linha do Equador, mais diferenciados são todos os dias do ano, pois a cada dia o Sol nasce num lugar diferente do dia anterior, por conta da inclinação de 23 graus do eixo da Terra em relação à eclíptica; nós, seres humanos ligados à automatização e à simplificação, é que teimamos em considerar que o Sol nasce sempre no Leste, e que devemos fazer tudo igual nas mesmas horas de cada dia.

Herança da Revolução Industrial, onde passamos a ser tratados como máquinas para poder lidar com as máquinas recém-produzidas em escala industrial (sic e argh!) e aumentar a produtividade, nos acostumamos a considerar que seis e meia da manhã é igual em todos os dias, independente da região, do clima, etc.
Mas esses poucos séculos de lavagem cerebral não enganam os milhares de anos que nosso corpo traz de conhecimento do ambiente ao seu redor.

É por isso que, por mais que nos digam e tentem nos convencer - e muitas vezes mesmo obrigar - a funcionar como máquinas, trabalhando das 9:00 às 18:00, fazendo treino na academia das 7:00 às 8:00, aula das 19:00 às 22:00, todos os dias, como se a mera posição dos ponteiros do relógio fosse suficiente para nos convencer que aquilo está certo, NÃO FUNCIONA!

E não funciona porque NÃO SOMOS MÁQUINAS; SOMOS ORGANISMOS, ou seja, muito mais complexos que a mais sofisticada máquina feita até hoje.
Aceitar esse reducionismo é literalmente nos diminuir física, mental e emocionalmente, e sofrer sérias conseqüências no médio e longo prazo, mesmo com possíveis ganhos no imediatismo.

Repetindo uma frase atribuída a Krishnamurti: "estar adaptado a uma sociedade doente não é saudável".

Está na Hora de Urano!



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Maldição do Sucesso

Sucesso é bom e todo mundo quer, certo?
A resposta imediata é "SIM!!!". Mas será que é a melhor resposta?

Sucesso, assim como fracasso e todas as gradações existentes entre eles, são processos cíclicos na vida, e cada um traz um aprendizado. Como o sucesso (geralmente) é mais agradável, é a ele que buscamos, muitas vezes a qualquer custo (infelizmente).

Mas mesmo quando atingimos o sucesso dignamente, nossa atual sociedade nos cobra que no mínimo mantenhamos aquele nível, mas que de preferência façamos ainda melhor da próxima vez.

Dessa forma, a cobrança externa e interna pode nos sufocar, deixar ansiosos e infelizes, ao nos repassar um modelo semelhante ao da cultura capitalista que prega que não basta ter lucro, é preciso que o lucro atual sempre seja maior que o anterior, caso contrário isso seria indicação de fraqueza, decadência, perda de status...

Ora, nada na Natureza se mantém sempre em expansão; tudo funciona em ciclos, e com o ser humano não é diferente. Aceitar a cobrança de ter sempre sucesso é ignorar toda a riqueza de experiências que os diferentes estágios da vida nos oferecem e sequer desfrutar do sucesso quando ele acontece.

E o que é sucesso? É conquistar fama, dinheiro, bens, saúde, realizações? Vejamos:

- sou famoso - isto é, conhecido e reconhecido - entre as pessoas que importam para mim: meus amigos e pessoas queridas;

- tenho dinheiro: o suficiente para as minhas necessidades; muitas vezes o que nos falta é para os desejos. Ser milionário não é meu objetivo de vida;

- tenho bens: o que preciso para manutenção, lazer, e acima de tudo para o aprendizado de valorizar o que tenho e batalhar dignamente para o que ainda preciso adquirir. E a partir de certa quantidade de dinheiro e de bens, nós deixamos de possuí-los e passamos a ser possuídos, preocupados em preservar essas posses ao custo do nosso tempo, saúde e tranquilidade;

- a saúde, e às vezes sua ausência temporária, está dentro do que a vida precisa me dizer para que eu não me aliene, e ainda trabalhe, aprenda e edifique;

- Minhas realizações são proporcionais à minha capacidade, não à minha imaginação. Entender e aceitar isso é parte do processo de amadurecimento.

Assim, minha conclusão é que já tenho todo o sucesso que preciso. E consciente disso tudo, ficará um pouco mais fácil evitar a maldição do sucesso.

domingo, 14 de agosto de 2011

Mudanças

Preferimos o conforto psicológico do que nos é conhecido ou familiar, mesmo que isso não seja bom, porque tememos o que ainda não vimos - ou que não queremos ver.

Isso nos deixa acomodados e resistentes a mudanças, até que aprendamos que isso é necessário, ou que as circunstâncias da vida - aqui ou em outra dimensão - nos mudem na marra.

A única forma de perder o medo do desconhecido e acabar com a resistência à mudança é conhecermos a nós mesmos; nosso íntimo, tão perto, mas por vezes tão inacessível, é a chave para o nosso fortalecimento, ao nos vermos por inteiro, nos aceitarmos e aceitarmos a necessidade da mudança interna.

A partir daí, estando de bem conosco mesmos, as mudanças exteriores - de casa, trabalho, relacionamentos, ou até de planeta - terão o seu devido peso, e não aquele que nossa fragilidade espiritual lhes atribui.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Fim do mundo!?

Lendo as notícias dos últimos dias, reparei em algumas coisas:

Em 1986, a banda The Smiths gravou Panic, que começa assim:
"Panic on the streets of London
Panic on the streets of Birmingham
I wonder to myself
Could life ever be sane again?"
(Pânico nas ruas de Londres
Pânico nas ruas de Birmingham
Eu me pergunto
Se a vida poderá ser sã novamente?)
e em agosto/2011, vemos a sucessão de saques, incêndios e violência em Londres, Birmingham, Tottenham...

Em 1986, Renato Russo e a Legião Urbana já diziam em Índios:
"E o futuro não é mais como era antigamente"
e em 2011 vemos a Europa enfrentando forte crise econômica e os EUA (USA, se você preferir), indo ladeira a baixo em estagnação, desemprego, crise econômica e outras crises, esfacelando algo que parecia mais sólido e mais eterno do que foram o Império Britânico e o Império Romano.

Junte-se a isso as diversas "profecias" de fim do mundo - 21/12/2012, 22/12/2012 ou 23/12/2012 (isso mesmo, tem gente que diz haver uma divergência no cálculo da data e que por isso o dia correto ainda não pode ser definido); também já ouvi falar que será em 2013, 2015, 2019...

Será que, como a banda R.E.M. gravou em 1987,
"It's the end of the world as we know it (and I feel fine)"?
[é o fim do mundo como o conhecemos (e eu me sinto bem)]

É interessante ver como a arte tantas vezes antecipa a realidade e reflete a vida. E essas "coincidências", o que são? Seriam profetas os artistas que escreveram essas músicas? Seriam todos descendentes de Nostradamus?

Na verdade, os artistas são pessoas com maior sensibilidade, sim, mas que têm outra grande diferença em relação às demais pessoas: eles ESCUTAM sua sensibilidade e procuram viver com ela (bem ou mal; isso é outra história), enquanto a maioria de nós tenta ignorar, esconder ou sufocar a própria sensibilidade, por isso ser coisa condenada neste mundo corporativo, competitivo e selvagem que modela a maior parte dos comportamentos atualmente.

O que a sensibilidade expressa pelos artistas nos confirma é que, sim, isto é o fim do mundo; que todos os dias é o fim do mundo como o conhecemos, pois é característica fundamental da Vida ser dinâmica e ter mudanças.
Acomodados ou alienados, nós é que não percebemos as inúmeras pequenas mudanças que ocorrem todos os dias, e só nos damos conta quando essas mudanças viram uma grande mudança que nos pega de surpresa.

É como os deslizamentos de terra nas encostas dos morros: a água penetra, penetra, penetra, vai deslocando a capa de terra sobre a pedra, até que atinge massa crítica e desliza, arrastando tudo em seu caminho, e nós achamos que esse clímax aconteceu "de repente", que foi falta de proteção divina, quando o ocorreu foi uma seqüência de fatos naturais, aplicação de leis da física, curso normal da natureza - tudo que funciona apesar de nossa ignorância, ingenuidade ou desconhecimento.

A crise econômica nos países do chamado Primeiro Mundo, por mais dolorida que pareça à primeira vista, não deixa de ser muito útil: no ritmo de consumo que essa sociedade impôs, precisaríamos de mais dois ou três planetas para produzir tudo que se poderia consumir (eletrônicos, carros, roupas, etc), muito mais por mero impulso dirigido (consumismo artificial estimulado) do que por real necessidade.
E mais um ou dois planetas só para colocar o lixo produzido por esse consumo desenfreado.
Com a crise, o foco sai do supérfluo e volta ao necessário.

Se lembrarmos que a população do mundo já está na casa de sete bilhões - tem mais gente viva hoje no mundo do que todas as pessoas que já morreram ao longo da história do ser humano - é mero exercício aritmético ver que o modelo de sociedade atual é inviável para a população atual - sem considerar os problemas morais, éticos, etc.

Então, é o fim do mundo? SEMPRE é. Mas, e se for mesmo o FIM DO MUNDO, APOCALIPSE, DIA DO JUÍZO FINAL, ARMAGEDON, RAGNAROK, O HADES SE ERGUER, ETC.? Ora, se é mesmo a época em que homens, anjos e deuses precisam colocar suas contas em dia, não serei eu que irei alterar o saldo desses bilhões de pessoas; se eu cumprir a minha parte, buscando ser uma pessoa melhor e colaborando para o mundo ser melhor, já terei feito muito, e me darei por satisfeito. Responsabilidade, comprometimento e consciência são artigos raros hoje em dia, e eu preciso fazer bom uso do que tenho.

Enquanto o Sol se erguer, eu seguirei em frente; quando o Sol não mais raiar, o resto é mera discussão acadêmica.

Está na Hora de Urano!

Vida

A alvorada não tarda.
Um novo dia, um novo ciclo, parte de outro ciclo maior; parecido, mas diferente.
Com novidades, surpresas e coisas comuns.
Tudo maravilhoso, mesmo quando não percebemos que é.

A Vida é assim: sempre flui, nos leva com ela, até nas vezes em que teimamos em ficar no mesmo lugar.

Viver melhor é fluir no ritmo dessa Vida - com "V" maiúsculo - aprendendo a aceitar o que é necessário e a modificar o que é preciso.
E descobrir que tão importante quanto o objetivo final, é como se chega a ele, e com quem vamos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sorriso

o sorriso que cala a dor e espanta o pranto
não deve ser forte, mas sim suave
como a carícia da brisa nos cabelos
num entardecer de outono,
com a alegria dourada dos tons pastéis do ocaso
e a serenidade do anil ao índigo no lado oposto

Ah! Que gostoso reconectar-se com a terra
e lembrar que somos parte uns dos outros,
Gaia, mãe, morada e mundo,
estendendo suas benesses a todos seus filhos,
conscientes ou não,
em sua passagem por esta estação do saber e do crescer

Que aprendam o poder do sorriso
que é muito mais dos olhos que dos lábios
que aquece os corações de quem o recebe
e faz a transmutação das sombras plúmbeas internas
no brilho dourado universal

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Realidade

Na Aurora dos Tempos, a própria Realidade não sabia para que lado ir, então começou a duplicar-se a cada tomada de decisão; assim começou o Todo, que está presente em Tudo Que É e ao mesmo tempo em Tudo Que Não É.

Dessa forma, Tudo Que Pode Ser, É; Tudo Que Nunca Foi, também É. E todas as variações do É, São.

Teorias Quânticas, Filosofias Herméticas, Esotéricas, Ocultistas: tudo dizendo a mesma coisa. Mas são como o Som perante a Palavra, a Palavra perante o Símbolo, o Símbolo perante a Ideia, a Ideia perante a Realidade: adaptações, para que a falta de compreensão absoluta não nos desanime e não nos deixa ficar pelo caminho do aprendizado, e continuar a crescer e crescer.

Crescer é tornar-se cada vez mais consciente e integrado à Realidade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Crescer

Lágrimas quentes, perdidas na chuva e com alguns respingos do mar para ajudar a disfarçar a dor do crescer - e nós sempre crescemos, ora para fora, ora para dentro.

Às vezes crescemos na direção dos outros, às vezes crescemos para outros mundos onde só nós estamos; não importa, pois a Vida é mais sábia que as nossas tolices, continua apesar de nós, e de alguma forma, mais cedo ou mais tarde, nos traz de volta ao palco onde temos nosso papel a desempenhar.

E o que somos nós, por trás dos papéis que a cada dia representamos? Quando tiramos as máscaras de pai-mãe/filho, chefe/empregado, mocinho/bandido, etc., ainda temos algo a mostrar, ou colocamos tanto empenho naquelas personagens, que toda nossa essência se foi nas máscaras, e aí precisamos delas para dar sentido a um vazio que ficou esperando desesperadamente ser preenchido?

Se for esse o caso, as lágrimas virão mais amargas que salgadas; se o vazio não existe, pro que foi plenificado, essas lágrimas serão mais doces que salgadas.

Mesmo assim, que venha a chuva às lágrimas, que o mar lave o rosto e a alma, e que o nosso crescer continue na direção do Infinito...

sábado, 6 de agosto de 2011

Evolução

Entra ano, sai ano,
caminha o Ser Humano
Tropeça, cambaleia, escorrega,
mas, teimoso, não se entrega
Segue em frente, busca atalho
tenta mesmo fugir do trabalho
Só que a sina é só sua
e por isso, continua
A jornada para ser menos animal
e tornar-se mais angelical

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ser

A existência é uma sucessão de etapas, desde a Inconsciência até a Plena Consciência.

A percepção de si mesmo, do ambiente ao seu redor, e das variadas interações com esse ambiente e com os outros seres - semelhantes a si, mas ao mesmo tempo diferentes de si - vai enriquecendo o repositório de informações emocionais e intelectuais do Ser.

À medida que o Ser aprende a a relacionar essas informações e a projetar novas informações a partir das que já tem - ou seja, a fazer extrapolações - acelera seu passo na senda evolutiva.

As experiências lhe mostram que cada acontecimento, fato ou conhecimento, tem no mínimo dois aspectos, conforme a atenção e o uso que se lhes dê.

Começa a vislumbrar que algo não é intrinsicamente mau ou bom; apenas É. A percepção e o uso desse fato/acontecimento/conhecimento é que será mau ou bom, ao ir contra - ou não - as leis que regem o Universo e que independem da vontade do Ser.

Também aprende que, quanto mais se afasta de si mesmo e de considerar-se o centro de tudo, mais se expande, mais se liga ao restante do Universo, e acaba retornando e estando mais presente e mais lúcido em si mesmo: um paradoxo para o pensamento linear, uma naturalidade para o pensamento cíclico - que se sintonizou com o funcionamento do Universo.