segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ora (direis) ouvir estrelas!

Evento no tempo: Astrológica 2011, de 15 a 17/julho/2011. Um punhado de astrólogos bons pacas, fazendo palestras para outros astrólogos, estudantes e simpatizantes.

Parafraseando um dos palestrantes, eu e meus amigos de curso de Astrologia cruzamos nosso próprio Rubicão, ainda estudando mas já fazendo nossos primeiros atendimentos, com interpretações e previsões honestas e esforçadas... e aí temos a oportunidade de ver o pessoal com 10, 20, 30, 40 anos de estrada, falando de Astrologia com Cabalá, com Feng Shui, Kármica, Horária, aprofundando e explorando aspectos e características dos planetas, coaching, eclipses, aplicações...

Confesso que me senti como um mágico amador, todo alegre por fazer o truque de tirar a moeda da orelha do sujeito, e que de repente vê os mágicos experientes cortando a mulher ao meio (e depois montando-a de novo, claro!), levitando, fazendo coisas e pessoas desaparecerem.

Com tanta opção e oportunidade de estudo e atuação, o astrólogo que anseia por saber tudo pode ficar apavorado ("Como tem coisa pra aprender!") enquanto que o que gosta do desafio e do aprendizado pode ficar entusiasmado ("Como tem coisa pra aprender!").

E ao terminar o evento, me dei conta, com a poesia presente em praticamente cada palestra - às vezes explicitamente nos poemas trazidos, às vezes implicitamente nas estórias, casos e estímulos apresentados - que, se os astrólogos lêem os astros, os poetas ouvem as estrelas. Assim, não é de estranhar que haja tamanha proximidade entre Astrologia e Poesia, como já mostrou há tanto tempo Olavo Bilac, no poema Via Láctea:


Via Láctea


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Olavo Bilac

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ladrões de Tempo

Metade do ano já passou; bom momento para reflexão - antes que a outra metade acabe!

O tempo é uma coisa interessante: todo mundo tem alguma noção do que seja, mas ninguém tem uma definição universal para ele, muito menos uma compreensão que justifique por que o tempo do relógio é tão diferente do tempo quando se está numa situação ruim/chata ou em algo agradável.

Já vi definições de "tempo físico" - aquele que compõe o universo quadridimensional (comprimento, largura, altura, e tempo), marcado pelo relógio e que "passa à velocidade de 60 minutos por hora" (como disse uma personagem de José Saramago) - e de "tempo psicológico", ou de quinta dimensão, que é o que nossa percepção encurta ou alonga, dependendo da situação e de onde estava nosso pensamento e nossa atenção. E continuei na mesma falta de compreensão...

Mas acabei fazendo uma analogia entre o tempo e os talentos da parábola onde três servos receberam, cada um, um talento (moeda) de seu senhor exigente, para cuidarem desse talento durante a ausência do senhor.

O primeiro servo investiu bem e transformou seu talento em cinco; o segundo teve mais dificuldades, mas se estorçou e conseguiu ter dois talentos; e o terceiro, com medo de perder o único talento e ser punido pelo amo, enterrou seu talento e deixou-o escondido.

No retorno do amo, foram os três servos prestar contas do que tinham feito com os talentos recebidos.

Os dois primeiros, que conseguiram multiplicar os talentos, foram reconhecidos e recompensados; o que teve medo, escondendo o talento e devolvendo-o ao amo do mesmo jeito que o recebera, foi punido por sua falta de iniciativa.

Na questão do tempo, todos nós somos os servos, a vida é o amo, e as 24 horas que temos por dia são os nossos talentos. Tem gente que consegue fazer uma grande quantidade de atividades ou de realizações, outros nem tanto, e tem gente que vê as 24 horas passarem sem lograr realizar algo, ficando angustiadas, ansiosas, revoltadas, e por aí vai...

Qual a solução? Usar nosso talento (capacidade) próprio para enfrentar as tarefas e incidentes cotidianos e tirar o máximo de proveito (positivo) e de realização desse talento (24 horas) que todos recebemos igualmente.

E para isso, uma das coisas que precisamos fazer é mudar a forma como permitimos que grandes Ladrões de Tempo nos espoliem:
- Reuniões inúteis ou improdutivas: que tal pararmos de comparecer a reuniões que sabemos que serão pouco (ou nada) produtivas? Se não for possível evitar a todas, façamos nossa preparação para que tal reunião seja produtiva ou útil - nem que seja apenas para nós mesmos;
- Filas: um planejamento prévio nos ajuda a evitar uma porção de filas - pagamentos eletrônicos agendados, escolha de melhor horário para ir a lojas, bancos e supermercados, etc. Se a fila for inevitável, um livro ou revista, smartphone ou mp3 player, são bons recursos para ajudar a aliviar a tensão. Os mais disciplinados podem até levar trabalho para adiantar enquanto estão na fila...
- Congestionamentos no trânsito: planeje rota e horário. Se for inevitável, vale a dica acima, sobre música e leitura.
E ter lanche e água no carro - e ter passado no banheiro, antes de pegar o carro/ônibus, também é fundamental para reduzir o desconforto e o stress;
- Pessoas carentes e sugadoras de energia: OK, seja civilizado, bom samaritano, etc e tal, mas tenha bom senso, e estabeleça limites! Senão, teu tempo e energia serão consumidos, e o carente inconsciente continuará igualzinho, pronto para continuar vampirizando você e os outros.

Em resumo: esteja presente, seja consciente, posicione-se, e tenha coragem de tentar mudar o que não está legal.

Está na Hora de Urano!