sábado, 5 de março de 2016

Tempos Modernos 2.0

Lá está Fulano de Xis
em mais um fim de dia
com a mente cheia
e a alma vazia.

Pergunta ao Google
como isso é possível
mas centenas de links
não explicam como alguém
se perde de si.

Serão as lágrimas
que o ar condicionado seca
antes sequer que caiam?

Será o sorriso
que o crachá sequestrou
e nunca mais soltou?

Será a sabedoria
trocada pelo melhor MBA
que a moda pode indicar?

Serão as sedutoras palavras
dos anúncios que prometem o mundo
desde que se compre tudo?

Nenhum remédio, vitamina ou suplemento
cala o tormento das entranhas
e ele, então, estranha
que os amigos do Facebook
sabem curtir seu new look
mas não ouvir seu lamento.

Frustrado, ergue os olhos
das luzes das telas onipresentes
e ao ver as luzes do céu
relembra que o limite é aquilo
que ele se permitiu acreditar
ao deixar de sonhar
mas que quando se reencontra
consigo mesmo
não há sortilégio da vida cinzenta
que o possa aprisionar.

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