quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Máquinas?

Situação A: seis e meia da manhã; o despertador toca, e a vontade é de dar-lhe um murro para que fique quieto e me deixe dormir até um horário menos profano - algo como nove da manhã, quando ao menos haverá luz, menos frio, e meu corpo aceitará ao menos considerar a proposta de sair da cama quentinha, ainda que a contragosto.

Situação B: seis e meia da manhã: acordo antes do despertador, saio da cama disposto a aproveitar o máximo desse dia radiante, com pique para ginástica, as tarefas do dia e até para ir ao trabalho.

Não sou esquizofrênico; a Situação A é Inverno, onde às seis e meia da manhã é dia frio e escuro, e a Situação B é Verão, onde no mesmo horário é dia claro e o calorzinho já se espalha por todos os lados.
Meu corpo, herdeiro de milhares de anos de evolução e de adequação aos ciclos da natureza, trabalha uma gama complexa de hormônios e de neurotransmissores que me induzem a funcionar assim, porque esta é a maneira mais natural e prática de funcionar...

Quanto mais nos afastamos da linha do Equador, mais diferenciados são todos os dias do ano, pois a cada dia o Sol nasce num lugar diferente do dia anterior, por conta da inclinação de 23 graus do eixo da Terra em relação à eclíptica; nós, seres humanos ligados à automatização e à simplificação, é que teimamos em considerar que o Sol nasce sempre no Leste, e que devemos fazer tudo igual nas mesmas horas de cada dia.

Herança da Revolução Industrial, onde passamos a ser tratados como máquinas para poder lidar com as máquinas recém-produzidas em escala industrial (sic e argh!) e aumentar a produtividade, nos acostumamos a considerar que seis e meia da manhã é igual em todos os dias, independente da região, do clima, etc.
Mas esses poucos séculos de lavagem cerebral não enganam os milhares de anos que nosso corpo traz de conhecimento do ambiente ao seu redor.

É por isso que, por mais que nos digam e tentem nos convencer - e muitas vezes mesmo obrigar - a funcionar como máquinas, trabalhando das 9:00 às 18:00, fazendo treino na academia das 7:00 às 8:00, aula das 19:00 às 22:00, todos os dias, como se a mera posição dos ponteiros do relógio fosse suficiente para nos convencer que aquilo está certo, NÃO FUNCIONA!

E não funciona porque NÃO SOMOS MÁQUINAS; SOMOS ORGANISMOS, ou seja, muito mais complexos que a mais sofisticada máquina feita até hoje.
Aceitar esse reducionismo é literalmente nos diminuir física, mental e emocionalmente, e sofrer sérias conseqüências no médio e longo prazo, mesmo com possíveis ganhos no imediatismo.

Repetindo uma frase atribuída a Krishnamurti: "estar adaptado a uma sociedade doente não é saudável".

Está na Hora de Urano!



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