sábado, 1 de outubro de 2011

Faça a coisa certa, pelo motivo certo

Numa palestra que assisti, dias atrás, englobando Tantra, Yoga, etc., uma monja falava sobre Kundalini.
Disse que essa movimentação de energia, conseguida pela meditação, quando percorre os principais chakras e chega ao chakra do topo da cabeça, ocorre o Samadhi, ou o êxtase inexprimível, resultado da conexão da consciência individual à consciência universal, e que isso é a coisa mais maravilhosa que existe.

Quase todos presentes à palestra soltaram seus "oh!" e "ah!", e comentários cochichados do tipo "eu também quero!" - e eu me senti um ET ali no meio porque não senti a menor vontade de unir minha consciência - vá lá, pequena e com pouco brilho, mas é o que tenho - à Consciência Universal, que não deve sentir assim tanta falta da minha contribuição.

Dias depois, em outra palestra, desta vez numa casa espírita, a expositora narrava uma revisão da colônia espiritual "Nosso Lar", e comentou que uma das diretoras de lá, a ministra Veneranda, já acumulara mais de um milhão de bônus-hora - algo como um milhão de horas trabalhadas em benefício dos outros.
(Se considerarmos que ela trabalhe dez horas por dia, de segunda a domingo, dá 3650 horas por ano; assim, um milhão de horas dá cerca de 274 anos de trabalho, todos os dias, dez horas por dia.)

Novamente, me senti um estranho no ninho: as pessoas ao meu redor soltavam curtos comentários de admiração mesclados com certa inveja, pensando na "glória" de atingir tais números, e eu sem a menor vontade de ser nem um décimo altruísta e dedicado assim...

Com isso tudo, me lembrei de um episódio de Babylon 5, uma série de ficção científica da década de 1990 - e a melhor que já vi - onde a mensagem do episódio era: "faça a coisa certa, pelo motivo certo".

Será que todos os que querem o tipo de destaque que tiveram Gandhi, Chico Xavier e Madre Teresa, ou "apenas" atingir o Samadhi ou acumularem milhares de bônus-hora, estão mesmo conscientes do que querem e do que fazem, ou querem isso apenas para ter a fama que parece tão boa quando os outros a têm, mas que não temos ideia do que fizeram - e pelo que passaram - para ter essa fama ou essas "benesses"?

Não sei se tenho uma pequena noção do que isso implica, se estou ciente das minhas limitações
atuais, ou as duas coisas juntas; o fato é que me sinto ainda muuuuuuiiitooo longe desse caminho da santidade, ou da mera conexão a algo maior, e não tenho a menor vontade de forçar a barra.

Alguém a quem eu possa realmente ajudar, cada novo amigo que eu conquistar, ou cada velho inimigo com que eu conseguir me reconciliar, já estará de bom tamanho para mim.
Todas as filosofias e doutrinas espiritualistas me dizem que somos todos eternos, então não preciso apressar o curso da evolução; fazer a minha parte - e pelos motivos certos - é suficiente para que, quando eu tiver uma satisfação, ela seja pelo que eu tenha feito, de coração, e não como
um mero passo calculado para me levar em direção ao objetivo.

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