segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Terceirização de responsabilidade

Numa discussão num grupo de estudos, na semana passada, tocamos num assunto que tem sido cada vez mais comum: as pessoas só assumirem as coisas boas ou vantajosas para elas - "eu sou o cara!", "mandei bem!", "eu sou bom, mesmo!", "que sorte eu tenho!" - e tirando o corpo fora de qualquer problema que aconteça, colocando a culpa no chefe que não reconhece seu trabalho, no subordinado que é incompetente e folgado, no professor que é chato, na cara metade que não o compreende, no sujeito que não prestou no trânsito... e por aí vai.

Também se omitem no cuidade de si mesmos: por exemplo, passam a responsabilidade de perder peso para a academia, para o personal trainner, para a dieta milagrosa, para o remedinho esperto, para a cirurgia de redução de estômago... mas nada de assumir que a situação foi criada por si mesmos e que a solução - nem rápida nem fácil - é se reeducar, se controlar e estar conscientes de tudo que fazem.

Ou seja, caímos no vício da vitimização: somos apenas vítimas das circunstância e o culpado está sempre lá fora, seja o universo desconhecido e mau, as teorias de conspiração, o aquecimento global, o governo corrupto, o vizinho invejoso... "A culpa não é minha!", em suas diversas variantes, é o que se ouve com frequência assustadora.

Nestes tempos globalizados, em que preconiza terceirizar tudo que não seja essencial ao negócio, passamos a acreditar que nosso core business é curtir e levar vantagem sem se preocupar com o custo disso. Estabelecemos a terceirização da responsabilidade dos nossos atos.

Que tal voltarmos a sermos responsáveis pelo que fazemos (e por suas consequências), antes que a conta dessa terceirização fique alta demais?

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