Nesses últimos dias dos Jogos Olímpicos em Londres-2012 relembro o que assisti em várias modalidades e li na cobertura dos eventos, e o tão divulgado "espírito olímpico" - simplificação da frase atribuída ao Barão Pierre de Coubertin, "o importante é competir" - me parece ter sido reduzido a mero artifício de marketing.
Como assim? Em primeiro lugar, vi americano naturalizado brasileiro, ucraniano naturalizado espanhol, técnico argentino comandando time brasileiro, uma ginasta em sua quinta olimpíada e pelo terceiro país, e por ai vai... efeitos da globalização, ou da profissionalização também na prática esportiva, onde o atleta-técnico-trabalhador vai exercer sua função onde tem melhor remuneração?
Nada contra o sujeito buscar a melhor remuneração para seu trabalho; só não dá para engolir o discurso de patriotismo de políticos, dirigentes e parte da imprensa. Me lembra da famosa legião estrangeira, onde soldados de qualquer nacionalidade lutavam, por dinheiro, pela França (existem inúmeros outros exemplos na história, mas este talvez seja o mais conhecido).
Há muito tempo não se luta pela vitória do país, mas sim do empregador - seja ele um banco, fabricante de eletrônicos, cerveja, refrigerante, ou governo de país. O conceito de país ou de nação foi sendo minado pelo conceito da corporação que dá trabalho e gera recursos e riquezas? Hum, coisa para se pensar...
A segunda contradição a "o importante é competir" é ver as tantas críticas a quem não chega ao topo do pódio, principalmente aqueles que estavam com resultados vitoriosos ou considerados em boa fase. A crítica é ácida, implacável, e ignora no mínimo duas coisas muito básicas: assim como o Highlander, primeiro colocado só pode ter um; e a outra coisa é que retrospecto só cria expectativa, não ganha nada por antecipação.
E a pá de cal nesse conceito de que competir é mais importante que ganhar, vem nos muitos casos de doping e a busca constante de produtos e substâncias que aumentem o desempenho e não sejam (ainda) considerados ilegais, ou não possam ser detectados em exames.
Ah, e sem esquecer que outra frase muito divulgada - "esporte é saúde" - também é enganadora: esporte de alto nível, competitivo e contínuo faz mal à saúde, pelas lesões que causa e o custo ao organismo e ao equilíbrio (físico, emocional, psicológico, mental, espiritual, social) da pessoa.
Como não vejo uma volta aos tempos mais românticos e patrióticos nos Jogos Olímpicos - e nos demais esportes, também - proponho parar com os eufemismos e discursos hipócritas/vazios, e criar outras categorias de disputa:
- Jogos Olímpicos Profissionais: para os atletas profissionais, os que hoje disputam as diversas modalidades dos Jogos Olímpicos. Essa categoria manteria as disputas de alto nível que hoje existem e os "empregos" desses atletas;
- Jogos Olímpicos Vale-Tudo: sem exame antidoping, sem controle de substâncias, uso de próteses e equipamentos adicionais liberados... já que na prática é "o importante é competir, desde que o vencedor seja eu". Produto direto da cultura de videogames e da mentalidade de querer vencer a qualquer custo;
- Jogos Olímpicos Amadores: só para atletas amadores, aqueles que trabalham em outra profissão e praticam algum esporte por hobby. Uma recompensa ao sujeito que realmente pratica esporte por gostar e sem necessidade de atropelar a ética. Tais atletas seriam cadastrados em seus países e escolhidos por sorteio do COI poucos meses antes dos jogos, para evitar que esses amadores ficassem com as mesmas condições dos atletas profissionais;
- Jogos Olímpicos do Povão (ou "Pelada Olímpica"): só para pessoas comuns, não-atletas, como aqueles que trabalham a semana toda e batem uma bolinha no domingo. Essas pessoas também seriam escolhidas por sorteio poucos meses antes dos jogos.
Essa categoria seria o maior incentivo a que os governos.desenvolvessem e mantivessem programas para cuidar da saúde da população e de desenvolver atividades esportivas e de lazer, pois qualquer pessoa poderia ser chamada a representar a pátria e mostrar a verdadeira cara do país, e não apenas os poucos profissionais patrocinados como acontece hoje.
Como assim? Em primeiro lugar, vi americano naturalizado brasileiro, ucraniano naturalizado espanhol, técnico argentino comandando time brasileiro, uma ginasta em sua quinta olimpíada e pelo terceiro país, e por ai vai... efeitos da globalização, ou da profissionalização também na prática esportiva, onde o atleta-técnico-trabalhador vai exercer sua função onde tem melhor remuneração?
Nada contra o sujeito buscar a melhor remuneração para seu trabalho; só não dá para engolir o discurso de patriotismo de políticos, dirigentes e parte da imprensa. Me lembra da famosa legião estrangeira, onde soldados de qualquer nacionalidade lutavam, por dinheiro, pela França (existem inúmeros outros exemplos na história, mas este talvez seja o mais conhecido).
Há muito tempo não se luta pela vitória do país, mas sim do empregador - seja ele um banco, fabricante de eletrônicos, cerveja, refrigerante, ou governo de país. O conceito de país ou de nação foi sendo minado pelo conceito da corporação que dá trabalho e gera recursos e riquezas? Hum, coisa para se pensar...
A segunda contradição a "o importante é competir" é ver as tantas críticas a quem não chega ao topo do pódio, principalmente aqueles que estavam com resultados vitoriosos ou considerados em boa fase. A crítica é ácida, implacável, e ignora no mínimo duas coisas muito básicas: assim como o Highlander, primeiro colocado só pode ter um; e a outra coisa é que retrospecto só cria expectativa, não ganha nada por antecipação.
E a pá de cal nesse conceito de que competir é mais importante que ganhar, vem nos muitos casos de doping e a busca constante de produtos e substâncias que aumentem o desempenho e não sejam (ainda) considerados ilegais, ou não possam ser detectados em exames.
Ah, e sem esquecer que outra frase muito divulgada - "esporte é saúde" - também é enganadora: esporte de alto nível, competitivo e contínuo faz mal à saúde, pelas lesões que causa e o custo ao organismo e ao equilíbrio (físico, emocional, psicológico, mental, espiritual, social) da pessoa.
Como não vejo uma volta aos tempos mais românticos e patrióticos nos Jogos Olímpicos - e nos demais esportes, também - proponho parar com os eufemismos e discursos hipócritas/vazios, e criar outras categorias de disputa:
- Jogos Olímpicos Profissionais: para os atletas profissionais, os que hoje disputam as diversas modalidades dos Jogos Olímpicos. Essa categoria manteria as disputas de alto nível que hoje existem e os "empregos" desses atletas;
- Jogos Olímpicos Vale-Tudo: sem exame antidoping, sem controle de substâncias, uso de próteses e equipamentos adicionais liberados... já que na prática é "o importante é competir, desde que o vencedor seja eu". Produto direto da cultura de videogames e da mentalidade de querer vencer a qualquer custo;
- Jogos Olímpicos Amadores: só para atletas amadores, aqueles que trabalham em outra profissão e praticam algum esporte por hobby. Uma recompensa ao sujeito que realmente pratica esporte por gostar e sem necessidade de atropelar a ética. Tais atletas seriam cadastrados em seus países e escolhidos por sorteio do COI poucos meses antes dos jogos, para evitar que esses amadores ficassem com as mesmas condições dos atletas profissionais;
- Jogos Olímpicos do Povão (ou "Pelada Olímpica"): só para pessoas comuns, não-atletas, como aqueles que trabalham a semana toda e batem uma bolinha no domingo. Essas pessoas também seriam escolhidas por sorteio poucos meses antes dos jogos.
Essa categoria seria o maior incentivo a que os governos.desenvolvessem e mantivessem programas para cuidar da saúde da população e de desenvolver atividades esportivas e de lazer, pois qualquer pessoa poderia ser chamada a representar a pátria e mostrar a verdadeira cara do país, e não apenas os poucos profissionais patrocinados como acontece hoje.
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