Depois que o mundo não acabou, as contas continuaram chegando e os sistemas informatizados dos bancos não perderam o fôlego para calcular e cobrar juros e multas por atraso.
Sem vulcões, terremotos, tsunamis, inversão dos polos magnéticos ou desinclinação do eixo da Terra, o jeito foi pegar a moto ou o carro, ou tomar o ônibus, trem ou metrô, e ir para aquele trabalho que muita gente comemorava que não veria mais.
Os times que foram campeões continuaram campeões, e os demais continuaram desejando que o ano fosse esquecido logo - alguns querendo até que a História fosse esquecida ou reescrita.
As desigualdades sociais e todos os demais problemas continuaram onde estavam: nenhuma nave apareceu com ETs para nos salvar, independentemente da nossa cor, classe social, credo, sexo ou culpas passadas. A responsabilidade e o trabalho para melhorar continuam por conta de cada um.
O mundo, que não acabou, continua não sendo justo, mas apenas um componente do processo de materialização da justiça, que se estende pelo tempo e pelo espaço.
Será que agora vai ser mais fácil aprender a fazer as coisas certas, sem precisar da ameaça do fim do mundo - ou sem precisar que o mundo acabe de verdade?
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