quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

As Pessoas Físicas por trás da Pessoa Jurídica

"Pessoa Jurídica não tem coração", foi o que uma amiga minha colocou no e-mail em que me contava que seu marido, após treze anos de dedicação à empresa multinacional em que trabalhava e recém-operado de cálculo renal, fora demitido por torpedo no celular.

Dias atrás, outra amiga fora demitida do banco multinacional em que trabalhara e se dedicara por anos; ela teve trigêmeos, gravidez complicada, pós-parto idem, e depois do longo afastamento e a volta ao trabalho, sem equipe e sem lugar, em poucos meses foi descartada.

Caso parecido com o de outro amigo com quem almocei na semana passada: fraturou o pé num evento de fim-de-semana do banco - este, nacional - em que trabalhava, teve recuperação lenta e afastamento longo, e quando retornou ao serviço, já fora substituído e imediatamente demitido. Acabou aposentado precocemente por invalidez, em função das sequelas dessa fratura.

Ontem à noite, a notícia de que um conhecido, na casa dos sessenta anos, ex-gerente de TI em banco, multinacional e grandes empresas - e que há tempos parecia estar sem emprego - se suicidou.

Empresas - as Pessoas Jurídicas - sempre quiseram lucro; este é seu objetivo primordial e principal. Muitas delas forçam a barra, exageram na pressão, mas de anos para cá isso tem ficado insuportável, dando ao já desagradável termo "Capitalismo selvagem" uma dimensão imoral e uma falta de escrúpulos digna da Idade da Pedra e não do século XXI.

Colocar a culpa na falta de coração da Pessoa Jurídica - ela é fria, impessoal, etc. - é a reação natural, mas observando com atenção, Pessoa Jurídica é uma entidade abstrata; quem estabelece metas, cobra e toma decisões são as Pessoas Físicas que estão por trás, ou dentro, da Pessoa Jurídica, e que fazem o que ACHAM que a Pessoa Jurídica quer/precisa, ou usam essa desculpa para fazerem o que querem por si mesmas.

Um levantamento feito anos atrás mostra que cerca de 18% da população mundial é de psicopatas - por causas genéticas, psicológicas ou doenças. Um psicopata tem charme, ousadia, grande capacidade de observação e de empatia - e usa isso para manipular as outras pessoas - e absoluta falta de remorso. Com isso, tem o perfil ideal para assumir cargos de mando (e poder), bajulando quem está acima (e preparando-se para tomar-lhe o lugar), disputando (veladamente) o poder com seus pares e explorando quem está abaixo, dentro de estruturas hierárquicas como são as empresas (multinacionais ou nacionais) e os órgãos governamentais...

Dessa forma, os psicopatas conseguem apresentar os resultados que se enquadram dentro da lógica imediatista do Capitalismo selvagem que diz que todo resultado (lucro!) tem de ser melhor (maior!) que o anterior, mesmo que a empresa já esteja com lucros suficientes para manter-se por anos.

Mas talvez a parte mais perversa dessa situação seja que, pela impunidade desses exploradores na grande maioria dos casos, os 82% restantes da população, os não-psicopatas, fiquem acanhados, quietos e passivos. Pior ainda: começam a aparecer os que se acham espertos, a turma do "pra que eu vou ser certinho, se tá todo mundo aproveitando e não acontece nada com eles?", e mesmo sem ser psicopata, o sujeito começa a copiar o que é errado, incivilizado e imoral, desde as pequenas coisas como ultrapassar pelo acostamento ou fechar o cruzamento, até as falcatruas, desfalques e traições maiores, e acha que quem não aproveita também, é trouxa - e o faz de trouxa.

A diferença entre os "espertos" e os "trouxas" é simplesmente a atuação da Consciência - que os 18% psicopatas não tem, e neste caso este post não serve para você.

Einstein dizia que o Universo é como uma parede que devolve o que você lhe manda: se você joga uma bola com força, ela volta com força; se joga uma bola fraca, ela volta fraca; se joga uma bola verde, ela volta verde. Antes que a sua Consciência comece a lhe cutucar, pense em como você tem jogado a bola para o Universo.

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