terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Fahrenheit 451


Fahrenheit 451 é a temperatura em que o papel pega fogo, na estória em um futuro indeterminado em que possuir livros ou, pior ainda, ler livros, é crime gravíssimo, se bem que a maioria da população se entregou às pilulas de prazer imediato e às atividades fúteis e superficiais...

Publicado em 1953, esse livro de Ray Bradbury tornou-se um dos clássicos de ficção científica e que, como toda boa estória de ficção científica, usa uma ambientação "científica" de outro tempo/lugar, para fazer críticas e contestações do mundo real.

Assim como Admirável Mundo Novo e 1984, é uma distopia, onde um futuro sombrio e opressor pesa sobre quem ouse ser diferente do que a ditadura da maioria (mesmo que inconsciente) determina.

Considero essa obra precursora de outras histórias de distopia mais recentes, que vimos nos cinemas: Exterminador do Futuro e Matrix - onde ao invés do homem oprimir o homem, são as máquinas, criadas pelo homem e que fogem ao seu controle, que fazem a opressão.

Também como quase meio século mais tarde vamos ver Neo fazer em Matrix, vemos Montag, o personagem principal, começar a despertar de seu torpor mental ao ver, com o auxílio de sua jovem vizinha Clarisse, coisas a que jamais dera atenção, e assim o mundo, e seu papel nele, começa a ter outras cores e significados.

Isso o fascina e assusta. Do mesmo modo como Neo tem de optar entre a pílula azul e a vermelha - despertar de vez ou voltar a dormir - Montag se vê entre o questionamento sobre seu trabalho de bombeiro, que nessa época é responsável por atear fogo nos livros das pessoas, ou voltar à vida vazia com sua esposa alienada e os demais que abdicaram de preocupar-se (e de pensar), acatando o socialmente aceito e os divertimentos superficiais.

Na estória, as pessoas entram nas casas dos outros, através das televisões gigantes que cobrem todas as paredes e ali falam sem parar, se expondo a todos e não ouvindo o que os outros falam; seria um pré-Facebook ou pré-Twitter?

Montag, sem conseguir aguentar essa situação e confrontado por seu superior, o surpreendentemente culto (já que LIA os livros que queimava!) e cínico capitão Beatty, toma uma atitude extrema e impensável numa sociedade de zumbis mentais, provocando uma série de acontecimentos que afetarão definitivamente sua vida.

Apesar do tom pessimista, a história caminha para um desfecho de alguma esperança. Como todo texto de Bradbury, é menos científico e mais filosófico, poético até, e estranho, ao mesmo tempo e em quantidades diferentes. Traz crítica, faz pensar, e vale a pena ser lido, conhecido e discutido.

Minha única dúvida: ninguém nunca pensou em traduzir/converter Fahrenheit 451 para Celsius 233?

Nenhum comentário: