quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Coisas difíceis de entender (III): Trânsito selvagem
Gente que, a pé, seria incapaz de fazer mal a uma mosca, quando entra em seu veículo se transforma em um incrível Hulk com quatro pneus. Parece que pilotar um veículo é a fórmula do Dr. Jekyll para virar Mr. Hyde.
Observando e tentando entender essa patologia espalhada por centenas de kms pela Paulicéia desvairada (e congestionada), acabei concluindo que é uma selvageria - retomada de aspectos selvagens -, pois além de mostrar o retrocesso ao primitivismo, há o estabelecimento de tribos bem específicas:
1- os "praondeuvô?": lerdos, perdidos ou atrapalhados.
Fáceis de identificar, pois dão seta para a esquerda e entram à direita, andam a 30 km/h na faixa da esquerda em vias de 60 km/h, andam devagar na sua frente sem motivo aparente e, quando o farol amarela, aceleram e te deixam pegar o farol fechado...
2- os "saidafrente!": entre outras coisas, não dão passagem, ultrapassam pela direita e pelo acostamento, fazem retorno e conversões proibidas e arriscadas, são mais rápidos que a luz (antes do farol abrir já estão buzinando), querem revolucionar a física (acreditam que o deslocamento de ar causada pelo som de suas buzinas vai fazer o congestionamento fluir), fecham os cruzamentos... e acham que civilidade, gentileza e respeito são palavras abolidas em alguma dessas reformas ortográficas por aí.
3- os "motomen": quando abre o farol, parecem uma nuvem de marimbondos zumbindo, buscando todos os espaços visíveis e possíveis entre os carros.
Com manobras ágeis, radicais e velozes, arriscam o pescoço com a mesma facilidade com que xingam e ameaçam quem não os viu sair da primeira para a quarta faixa em menos de um segundo.
Coisa interessante é que seu número aumentou tanto que o maior obstáculo ao seu deslocamento entre os carros parados são eles mesmos: hoje há congestionamento de motos, no meio do congestionamento dos carros...
4- os "taxidriver": premidos pelo tempo, fator básico para fazer mais corridas e faturar mais (ou ter menos prejuízo), acabam, por necessidade, se comportando como um misto dos "saidafrente!" com os "motomen", buscando sempre avançar mais depressa e realizando manobras aparentemente impossíveis.
É justo dizer que, mesmo com essa pressão, vários deles conseguem se lembrar da cordialidade e da civilidade.
5- os "somnacaxa!": pilotam uma (gigantesca) caixa acústica sobre rodas, compartilhando com o mundo suas músicas e sons favoritos.
Identificáveis a um quarteirão de distância.
6- os "cargapesada": conduzem ônibus e caminhões pequenos, médios, grandes e muito grandes.
Tem uma baita responsabilidade (e habilidade) para conduzir toda aquela tonelagem.
Vale a pena ficar esperto e facilitar o trabalho deles - e ficar fora do caminho, também.
Em caso de dúvida no trânsito, eles sempre estarão certos, pois são maiores e mais pesados que os demais.
7- os "newbikers" (os "oldbikers" hoje vão de carro): de mochila, capacete e luzes piscantes - mas até hoje só vi com máscara para a poluição que o esforço físico os faz respirar em maior quantidade - eles são a "alternativa verde" para quem quer se locomover sem se preocupar com o suor nem precisar participar de reuniões corporativas.
Pena que muitos andem na contra-mão ou em calçadas, varem os faróis vermelhos e travessias de pedestres,
e achem que sempre serão vistos e respeitados pelas pessoas nos outros veículos e a pé.
8- os "tôcerto": aqueles que, como eu, acham que fazem tudo certo e sempre estão com a razão :-)
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Coisas difíceis de entender (II): Halloween brasileiro
Com o contato cada vez maior entre os países e as culturas, aportou por aqui o importado o Halloween: comemoração americana do "Dia das Bruxas" (31 de outubro), onde o mote é sair fantasiado de algo mórbido ou "do mal", dar sustos nos outros e "pedir" - se bem que isso me soa mais como ameaçar - "gostosuras ou travessuras".
Conheci um americano que está há 30 anos no Brasil e ele quis me convencer que uma das coisas mais legais de sua adolescência no Oregon era o Dia das Bruxas, quando ele e seus amigos se fantasiavam de fantasma, monstro, lobisomem, vampiro ou algo assim, e ficavam a noite toda acordados pregando sustos nas pessoas ou pedindo (extorquindo?) guloseimas.
"It was fun!" (era divertido!) foi o que ele me disse, com olhos sonhadores relembrando aquilo. Ele é um cara legal, mas meu conceito de diversão é diferente disso... difícil de entender. No comprendo...
Divulgado em filmes, desenhos, internet, etc., esse conceito foi adotado por cada vez mais crianças e adolescentes por aqui, principalmente nos prédios de cidades como São Paulo. Até parece que o Dia de Cosme e Damião ficou só para os "caipiras" ou "atrasados".
Aos bandos, essa garotada sai pelos corredores, levando algazarra, gritaria, bagunça, até vandalismo, e com a anuência complacente (às vezes constragida de alguns) dos pais. Quem sabe esses pais pensem "antes lá fora no corredor do que aqui dentro"?
O fato é que, após anos indo pela via mais fácil - comprar balas ou chocolates para despachar logo da minha campainha os pidões pedintes (e ter sossego: o problema passa a ser do próximo vizinho), neste ano fui surpreendido pela algazarra e disparo incessante da campainha no dia 30 de outubro! Sem doces - que só compramos no próprio dia 31 - minha esposa escutou das crianças que, como o dia 30 era domingo, elas aproveitaram para pedir antes, pegar mais gente em casa e "livrar" seu próprio dia 31...Halloween com "jeitinho" brasileiro, folgado e descarado!
Desta vez elas saíram do meu - e de vários outros apartamentos - de mãos vazias.
Pensei em falar para elas voltarem em 27 de setembro, mas diante da tarefa de ensiná-las sobre Cosme e Damião e de uma forma menos agressiva de interagir e receber guloseimas, percebi que deveria poupar meu latim e deixar que seus pais, ao receber os "pimpolhos" de volta mais cedo e mais frustrados, tivessem a oportunidade de exercer seu papel (dever!) de educadores.
Coisas difíceis de entender (I): Futebol bestificante
Passei o dia em aula e só fui saber o resultado à noite: 4 a 0 para o Barcelona. E me perguntei: em que a derrota do Santos, na final desse mundial de 2011, altera a minha vida?
Em nada.
E se tivesse ganhado - Santos, campeão mundial interclubes de futebol de 2011 - em que isso alteraria a minha vida?
Pagaria minhas contas, me deixaria mais bonito, me faria uma pessoa melhor?
Também não.
Então fica difícil entender a quantidade enorme de provocações de torcedores de outros times - que extrapolam muito a saudável gozação e caem na agressão - ou as críticas dos (antes do jogo) simpatizantes.
Da mesma forma, fica difícil eu entender por que tanta gente muda de religião - algo que deveria ser importante, por tratar literalmente de vida e morte -, mas não troca o time de futebol por nada neste mundo.
Pior ainda: briga, xinga, discute, bate e até mata em nome dessa "paixão" (com "p" tão minúsculo que não deveria nem dar para enxergar).
O futebol, pela dificuldade de se jogar - o sujeito não apenas tem de correr conduzindo a bola, mas para manter seu controle e criar as jogadas que atinjam o objetivo ("Goooooooolll!") deve fazer isso com os pés - e por ser um dos raros esportes onde a excelência técnica e domínio dos fundamentos não garante que o melhor time seja o vencedor, tem uma certa magia pela beleza que às vezes apresenta nas jogadas e pela imprevisibilidade.
Mas ainda é muito pouco para justificar tanto destranbelhamento que acomente as pessoas, sejam torcedores, jogadores de fim de semana, jornalistas, comentaristas, ou simplesmente pessoas como você ou eu.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Férias
Na última reunião do grupo que vai - alunos, professores, praticantes e aficionados de Yoga - ouvi comentários que me puseram a pensar: gente preocupada com a roupa que iria usar para os jantares, com a condição dos lugares onde seriam os estudos e retiros, com as compras a fazer, com o que levar para ficar mais confortável... e reparei que a ideia de férias, para muita gente, é continuar fazendo o que já faz normalmente, só que em outro lugar e sem a atividade de trabalho ou de estudo.
Férias - do latim feria, ou feriae - tem o significado de descanso do labor ou do estudo; feriado - um dia de descanso - vem da mesma origem.
Até aí, tudo bem; mas as pessoas se habituaram a pensar que para estar de férias (ou em férias?) é preciso estar em outro lugar, diferente do seu local habitual. E também se habituaram a querer ter, em suas férias (em outro local) as coisas do seu dia-a-dia: ter a televisão para continuarem assitindo aos mesmos programas - mesmo que só para falar mal deles, depois; ter seu jornal e sua revista - entregues em seu endereço de férias!; ter suas comidas conhecidas e preferidas; etc.
Ou seja, as pessoas se habituaram a pensar em férias como um lugar para onde se vai e se mantém a rotina... quando o objetivo das férias é dar descanso - ao corpo, mas principalmente à mente, ao espírito e às emoções.
Dessa forma, não é preciso ir para a ìndia, Disney ou Tahiti para estar de férias, mas sim estar dispostoa pensar diferente, sentir diferente, prestar atenção em coisas - sons, imagens, aromas, formas, etc. - diferentes daquelas que se repetem tanto no dia a dia que viram rotina e ficam familiares e dão o reconforto do conhecido e da comodidade (e do comodismo).
Ou seja, férias não é ONDE se está, mas sim COMO se está.
Eu já estou em espírito de férias - VER diferente, PENSAR diferente, SENTIR diferente - e vou me esforçar para continuar assim, mesmo quando trabalhando, estudando, ou fazendo qualquer outra atividade.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
As horas estão se esgotando
Um colega, que também via isso, ilustrou bem esse (nosso) espanto:
_ Jesus! Onde eu estava que não vi nada disso acontecer?
O mesmo colega, sem perceber, deu uma dica da resposta, logo depois, quando falávamos dos nossos empregos:
_ No mundo corporativo, os dias demoram uma eternidade, e os anos passam num instante.
Pois é: reuniões, planilhas e relatórios consomem avidamente nossas horas cotidianas, e o trânsito irracional de São Paulo destrói mais um tanto dessas horas - preciosas, porque insubstituíveis - e assim, quando nos damos conta, não encontramos mais um monte de gente, simplesmente porque não trabalham mais conosco ou não estudam mais conosco: saíram do nosso trajeto social diário, ficaram fora do nosso raio deação, e assim a convivência fica para "quando der tempo".
Passam-se os anos, a vida segue impassível à velocidade de 24 horas por dia para cada um e para todos, e o reencontro fica para situações extremas, como um falecimento.
_ Culpa do mundo corporativo? - perguntei eu, e o colega me respondeu:
_ É, mas precisamos do mundo corporativo para ter dinheiro.
Verdade verdadeira; no atual paradigma da nossa sociedade capitalista, o dinheiro é a forma de eu trocar meu tempo e esforço (trabalho) por aquilo que preciso e pelos supérfluos - cada vez mais! - que não preciso.
Até aí, tudo como sempre foi: para ter alguma coisa, preciso fazer algo, pois as coisas - bens, comida, abrigo, roupas, etc. - não se produzem sozinhos.
A porca torce o rabo quando ficamos tão dependentes desse modelo de sociedade que, mesmo que não consumíssemos mais nada de supérfluos, ainda assim precisaríamos de algum trabalho para recebermos o dinheiro para comprar comida, roupas, remédios, ter abrigo, etc., porque hoje não somos mais capazes de fazer isso por nós mesmos, especialmente nas grandes metrópoles. A super-especialização aumenta a dependência do resto da sociedade.
E existe vida fora das corporações (cada vez maiores)? Existe, mas elas, com suas fusões, compras e aquisições, vão engolindo tudo. Estão conseguindo fazer o que o comunismo não conseguiu: caminhamos para ter o banco único, a cervejaria única, o supermercado único, a indústria farmacêutica única, e por aí vai.
O que precisa mudar é esse modelo em que os seres humanos são apenas mais um insumo no complexo processo que transforma tempo, matéria-prima, homens/hora, sonhos, etc., em bens cada vez menos necessários e mais rentáveis, para que o lucro dos acionistas continue a crescer.
É preciso restaurar a dignidade e o valor do indivíduo, e não enxerga-lo somente pelo que ele pode produzir dentro da disputa globalizada de ter ganhos cada vez maiores, a qualquer custo - antes que precisemos penhorar as horas dos nossos descendentes, pois as nossas, no ritmo e esquema atual, já estão se esgotando.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Namaskar!
Terei um universo inteiro de coisas a lamentar
se ao olhar para trás eu continuar
a somente ver os esqueletos e escombros que produzi
e as tempestades que semeei
enquanto aprendia com mais erros que acertos
Há momentos em que as tensões exteriores
fazem as sombras se agitar em minhas profundezas,
corroendo meu íntimo, trovejando,
como almas penadas sem descanso,
me forçando a fazer algo a respeito delas
Sozinho, às vezes tento fingir que não é comigo,
que se esperar bastante tudo vai se resolver;
outras vezes parto para o confronto total
e tento vencer as trevas que me assolam
sendo mais sombrio que elas próprias,
sem coragem de aceitar as sombras em mim
e trazê-las junto comigo para a luz,
sem conseguir entender o porquê
de ser tão difícil olhar a mim mesmo no fundo dos olhos
E quando parece não haver mais solução
o Universo envia alguém que me olha além do fundo dos olhos,
que vai até o fundo do coração
e que então ora pelos meus fantasmas,
limpa meus escombros e trata minhas dores,
pois enxergou que existe algo mais além da desolação,
e me ajuda a dar mais valor ao bem que poderei fazer
do que aos erros que um dia materializei
e redescobrir a fé em mim mesmo e no Universo
Namaskar!
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Amor de Verdade
é uma bobagem tão deliciosa
quanto uma tarde ociosa
vendo o sol se por
por mais que se diga,
não se explica,
pois só quem sente
é que entende
que não é mágica, mas vida,
e quem ainda duvida
só adia a chance
de, ao menos por um instante
saborear anahata, samadhi,
de se expandir,
ser uno com o universo
e, complemento do inverso,
ter todo o universo em si
ao descobrir
que amor de verdade
nunca é restritivo,
que amor de verdade
sempre é multiplicativo
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Serenidade
Caminhos
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
44
Beba leite. Não beba leite.
Tome café. Não tome café.
Exponha-se ao sol. Não se exponha ao sol.
Já pensou em quantas informações binárias, isto é, do tipo sim/não, é/não é (mutuamente exclusivas e conflitantes) recebemos por dia?
A grande maioria apoiada em números, testes, experimentos, etc. Estão certas ou erradas?
A resposta é: estão certas E erradas... depende do contexto e de como são aplicadas e avaliadas.
A menos que você tenha constatado algum problema sério - ou tenha alguma restrição filosófica, religiosa ou coisa assim -, não tome uma atitude única e definitiva desse tipo citado acima.
Por exemplo: se você gosta de chocolate, não tem problema físico que seja agravado por ele (alergia, diabetes, obesidade, etc.), então coma chocolate - de vez em quando; não vá comer uma caixa de bombons por dia, ou uma barra de 200 g em lugar de uma refeição.
O Taoísmo há séculos e séculos recomenda o caminho do meio; a sabedoria popular também faz tempo que diz "nem 8, nem 80". Então, para facilitar nossa vida, vamos aplicar o 44 - o meio termo entre os extremos (o 8 e o 80) - e sermos menos estressados e mais contentes.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Não sou perfeito... ainda!
Antes de me auto indicar um Crab Apple - um Floral de Bach recomendado para pessoas muito perfeccionistas e detalhistas, que cobram muito a si mesmos - acendeu-se a clássica lampadinha sobre a minha cabeça e complementei a minha crítica inicial:
Sim, eu PODERIA ter feito melhor SE naquele instante eu tivesse a experiência, o conhecimento, a intuição e o discernimento que tenho agora... como não tinha, fiz o melhor possível naquela ocasião.
Se eu ficar sempre me cobrando por não ter feito melhor tudo que já fiz na vida, repassando na minha mente o que poderia ou deveria ter sido, ficarei preso eternamente no mesmo lugar, patinando na minha falta de perfeição e falta de caridade com as minhas próprias deficiências.
Ao invés da cobrança desmesurada por não ter atingido a perfeição, o melhor - para mim e para o mundo que convive comigo - é manter meu empenho em sempre fazer o melhor possível nas circunstâncias existentes.
A Consciência Cósmica - um dos muitos nomes de Deus (ou será que Deus é um dos muitos nomes da Consciência Cósmica? Pensarei nisso depois) - em sua infinita sabedoria (muito maior que a minha ignorância) cuida, com suas leis universais, para que eu, um dia, chegue à máxima perfeição possível para uma criatura.
Então, quando vier aquela cobrança automática do "eu poderia ter feito melhor", vou responder a mim mesmo: "Não sou perfeito... ainda!".
Preciso de todos vocês
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Pó de estrelas
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Integral
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
A Medida do Mundo
sábado, 1 de outubro de 2011
Faça a coisa certa, pelo motivo certo
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Solto
(Isto é um ótimo jeito de dizer que estou tão perdido quanto o mítico cachorro que caiu do caminhão em dia de mudança, que Alá o proteja).
Confuso, difuso, não-presente, por causa de reflexos da interferência de alguma outra realidade que não é esta aqui.
Um instante de dessintonia com o pulsar do universo.
Um dia daqueles que só deveriam existir em livros (ou blogs, para ser mais atual), para as pessoas saberem o que não fazer ou que não deveriam estar ali.
Mas, como Alice seguindo o tal coelho branco, caio no buraco do improvável, sonho acordado - ou alucino dormindo - e o mundo fica mais estranho do que já é naturalmente.
Ou, pior ainda, fica muito mais sem-graça, justamente porque ficou banal.
Vou vagando como o perdido elétron que saiu da camada mais externa de um átomo.
Enquanto outro átomo não me puxa para sua esfera de influência, vou aproveitando a viagem :-))
terça-feira, 20 de setembro de 2011
O cristal de inúmeras faces
Vejo a luz refletir-se em muitas delas, mas outras estão fora do meu campo de visão.
Quem está ao meu lado vê quase exatamente a mesma coisa que eu, com pequenas diferenças.
Quanto mais distante de mim, ao redor do cristal, para os lados, para cima e para baixo, mais diferente é a visão de quem estã nesses outros pontos.
E ainda assim, todas nossas visões são reais, corretas e concretas.
Esse cristal é a Verdade Absoluta, e as nossas visões parciais são nossas verdades particulares, relativas.
Para ver a Verdade Absoluta, preciso conseguir estar conectado e enxergar pelos olhos de todos os outros, ao mesmo tempo; seria estar em todos os lugares, ao mesmo tempo, e assim sempre ver a Verdade Absoluta, saber tudo.
Podemos até dar um nome específico para essa situação de conexão, onipresença e onisciência; pode ser Brahma/Vishnu/Shiva, Alá, Grande Arquiteto, Criador, Pai/Mãe Supremo, Deus...
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
O que é importante?
Fiquei dois dias sem acessar meu e-mail, e isso já foi o suficiente para quase 100 mensagens se empilharem, disputando meu tempo e minha atenção, com suas propagandas, powerpoints bonitinhos ou profundos ou descartáveis, avisos, recados, respostas...
Isso me lembrou de um estudo que dizia que atualmente uma edição do New York Times ou da Folha de São Paulo tem mais informação que uma pessoa comum do século XVII tinha durante sua vida inteira.
Some a isso os e-mails, facebook, tweeter, revistas, livros, sites, e tudo o mais que as pessoas têm para disputar sua atenção, e temos uma aceleração e sobrecarga dos processos mentais, sensoriais e cognitivos, como jamais houve na história do ser humano.
Assim como na minha pilha de e-mails, como se faz para distinguir o que é importante do que pode ficar para amanhã e do que amanhã já não terá sentido nem necessidade, sem precisar examinar item por item, gastando nesse processo as 24 horas do dia, a paciência, a energia e a sanidade?
Achei um indício de resposta no volume 4 de “Vagabond – A História de Musashi”, de Takehiko Inoue: num diálogo com o monge Takunen, este diz a Musashi:
“Se ficar apegado a uma folha, não enxergará a árvore.
Se ficar apegado à árvore, não enxergará a floresta.
Não deixar o espírito fixo sobre um único ponto.
Não ver o detalhe, para enxergar o todo.
Esse é o significado da verdadeira ‘visão’.”
Na minha interpretação, é parar de procurar quais são as coisas importantes e dar a elas a chance de se manifestarem, de serem sentidas. O que ainda não é importante terá o tempo certo de aparecer, e o que já não é mais importante, que siga para o arquivo morto do Tempo.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Férias do mundo (uma estória de solitude e solidão)
Hoje vi Sitar-rok na rua. Ele também me viu. E fizemos o que fazem todos os que se conhecem há séculos: agimos como perfeitos estranhos e nos ignoramos completamente.
Claro que hoje ele não se chama Sitar-rok. Este é o nome pelo qual o identifico, entre os tantos nomes que ele já teve. Assim como eu: tantos nomes, tantos corpos, tantas vidas, uma só existência, perdendo-se nas brumas do tempo...
Somos conhecidos como “As-mentes-incandescentes”, “Os-olhos-que-não-se-fecham”, “Aqueles-que-se-lembram”... Somos especiais, mas não únicos; outros como nós vagam espalhados por este mundo, entre a enorme maioria que passa por cada vida como que mergulhados num sonho vago e agitado, sem lembrarem-se de tudo o que já foram, de todos quem já foram, sem noção do que podem ser; apenas fiapos desencontrados de memórias, vagas sombras de outros dias e tempos fluindo pelos tortuosos corredores de suas mentes ainda imaturas.
Nós somos abençoados – alguns dizem amaldiçoados – com a capacidade de recuperar nossas memórias anteriores a esta vida. Perdemos a conta dos séculos e dos lugares que já percorremos. Rever, reconhecer, reencontrar os outros que também se lembram, já ficou monótono demais; constrangedor, até. Se há pessoas que não agüentam conviver com os outros por alguns dias, que dizer então de milênios? Então, nos damos um pseudo-esquecimento, evitamos encontros desajeitados e desconfortáveis, e seguimos em frente.
Já conquistamos o mundo, apenas para nos cansarmos dele. Reis, mendigos, mercenários, meretrizes, gênios, generais, ermitões, santos, monges, magos, guerreiros; o que ainda não fomos? Destruímos, criamos, inventamos descobrimos, alteramos, melhoramos; o que ainda não fizemos? Não podemos fazer mais por nós mesmos, que ainda não tenha sido feito.
Às vezes me sinto como que mergulhado num silencioso poço de pesar – que chamo de “meia-noite no poço das almas” - enquanto outros gritam ao vento; ecos do nosso passado inolvidável, tentando me alcançar. Estremeço quando tais vozes trazem lembranças tão doces, que até o coração há muito calejado dói ao ignorá-las, mas é o que deve ser feito. A saudade não prospera em nós; precisamos todos crescer e nos libertar – de tudo.
Eu escuto, deixo que as lembranças passem por mim e se dissipem como lágrimas na chuva, e espero a tempestade emocional amainar e o novo dia surgir. Veterano de mil guerras psíquicas, eu não caio mais no torvelinho vibracional dos que ainda se debatem contra a Lei. Nós somos grandes, mas a Lei é a Lei, e ela se sobrepõe a todos nós; nosso orgulho que se curve. Um dia, todos aqui aprenderão.
E que aprendam, amadureçam e se lembrem também os “sonâmbulos” que perambulam pelo mundo e dividem conosco a vida diária. Não podemos aprender por eles, mas precisamos que progridam, pois só quando houver tantos esclarecidos no mundo, atingindo massa crítica suficiente para mudar a psicosfera do planeta a ponto de alterar suas características físicas, é que poderemos romper nossa conexão energética com este mundo e com esta gente, e alçar vôo para outras plagas, voltando a percorrer o universo.
E percorrê-lo irei eu. Não sei o que os outros farão, mas eu já tenho em meu roteiro um punhado de buracos negros, supernovas e estrelas de nêutrons, tão remotos que mesmo o pensamento demora para chegar lá, e viv’alma não pensa em por ali se demorar. Depois de tantos milênios por aqui, entre bilhões de seres, preciso de umas férias do mundo.
Ser, Não Ser
Ser E Não Ser
Ser É Não Ser
Ser NO Não Ser
Eis as questões do Shakespeare Quântico-Zen, que nos levam a ser complementar, integral, universal, transcendente.
Assim, o antigo mandamento de Jesus, "amar o próximo como a si mesmo", quem diria, é quântico, ao nos levar a ver-nos no outro, não apenas em nossas igualdades, mas também em nossas diferenças, pois nossa fagulha divina é igual, e as semelhanças são as diferenças vistas sob a luz do Todo.
Se tememos o desconhecido e desconfiamos do que é diferente, é porque temos o desconhecido e o diferente também dentro de nós.
Fingimos não ver o interno, e assim o externo, que não conseguimos ignorar, nos incomoda.
Tentar suprimir a ambos (interno e externo) é igualmente imaturo, é uma tentativa de se refugiar em algo menor que o próprio Não-Ser.
Olhar para dentro, encontrar-se, aceitar-se e entender-se, traz a imediata integração com o externo; entedemos, então, que sempre Tudo foi uma Coisa Só - inclusive cada um de nós, com sua individualidade.
A Hora Certa
Me senti, novamente, como se tivesse caído do bonde do tempo várias curvas atrás, quando ele acelerou loucamente para acompanhar um mundo cujos relógicos continuam a dizer que passam-se 24 horas por dia, mas que desconfio que, por fadiga do material, essas 24 horas estão valendo, na verdade, menos de 16...
Quero uma ampulheta aferida e certificada!
A letra de Time, do Pink Floyd - uma das minhas músicas favoritas - já dizia isso, na década de 1970:
"...And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun
And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death
Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines..."
("...Então um dia você se toca que já se passaram
ninguém lhe disse quando começar a correr, você perdeu a largada
E você corre e corre para alcançar o Sol, mas ele está se pondo
dando a volta para nascer novamente atrás de você
O Sol é o mesmo em seu caminho relativo, mas você está mais velho
com menos fôlego, e um dia mais perto da morte
Cada ano está ficando mais curto, parece nunca haver tempo
Planos que deram em nada ou meia página de linhas rabiscadas..."
Que o tempo passa e tudo muda, são verdades incontestáveis do Universo (ao menos deste). Por isso, todos nós já ouvimos que existe o tempo certo e a hora certa para tudo.
Mas como saber qual é o tempo certo para cada uma das coisas que fazemos, se nem ao menos percebemos o tempo passando na velocidade medida pelos relógios?
A dica é: estar presente naquilo que fazemos, ao invés de apenas reagirmos aos estímulos mentais e emocionais que nos bombardeiam continuamente.
Estando presente, agindo e não reagindo, começamos a calibrar nosso próprio mecanismo de tempo, e então faremos o que está em sintonia conosco, e não o que os estímulos nos empurram a fazer.
Claro que a teoria é mais fácil que a prática, mas se não praticarmos, até a teoria esqueceremos.
Nesses últimos dias, pude sentir na pele como é isso, graças ao meu próprio consumismo - que cria espaço no bolso, ao gastar mais do que preciso, e tira espaço da casa, ao empilhar coisas que me pediam para serem compradas, mesmo que eu não soubesse quando nem como aproveita-las.
No meu caso, gibis, revistas, livros, CDs e DVDs são meu calcanhar de Aquiles, e meu malabarismo é equlibrar os gastos e as pilhas de material que se acumulam (e acumulam pó!) à espera de serem lidos, escutados ou assistidos.
Revendo a pilha de coisas a ler, encontrei algumas raridades: um livro com uma estória de espionagem britânica da época da Guerra Fria, comprado em 1977 (!); outro de espionagem britânica no século XIX, comprado antes de 1980; outro com uma estória ligada ao projeto da bomba atômica americana na Segunda Guerra Mundial, que ganhei ainda nos anos 1970; e outro com a biografia de um imigrante italiano no início do século XX, comprado em 2000.
Raridades, interessantes, mas... que passaram da hora. Quando foram comprados, havia interesse por eles, mas hoje os tempos são outros, os interesses idem, e assim, num gesto difícil para quem adora livros e ler, dei liberdade a estes livros - que em algum sebo, alguém os aproveite - e a mim mesmo: continuo com as mesmas 24 horas por dia para fazer tudo, então a prioridade deve ser para o que HOJE me chame a atenção, me emocione, me atraia.
A hora certa de ler aquelas estórias já passou; da mesma forma, a hora certa de vivermos certos aspectos e acontecimentos das nossas vidas está sempre em movimento, num dado instante chegam, e noutro instante acabam.
Reconhecer isso é fundamental para não vivermos angustiados tanto pelo que não fizemos, quanto pelo que ainda faremos.
Estar presente, consciente e participativo, é libertar-se das amarras que aceitamos que nos coloquem, e das que nós mesmos criamos.
E também é ter todo o tempo do mundo, mesmo sendo "apenas" 24 horas a cada dia...
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Trabalhadores invisíveis
Fiquei me perguntando como o distinto podia ser tantas coisas ao mesmo tempo, enquanto eu, embora tente também, mal dou conta de uma função principal na minha vida.
Revendo minha labuta diária, vi quanto tempo gasto com coisas banais, mas que tem de ser feitas: arrumar a cama, preparar a refeição, lavar os pratos, lavar a louça, lavar a roupa, cuidar do carro, pagar as contas, etc.
Isso toma tempo e gasta energia.
E não me lembro de ter visto, em nenhuma biografia, alusão a que o biografado fizesse alguma dessas tarefas mundanas, nem cuidar dos filhos; nossos ilustres desbravadores da mente e da criatividade tinham empregados e esposa para cuidarem dessas tarefas menos nobres, e assim podiam usar seu intelecto e sensibilidade para descobertas e criações que faziam avançar toda a raça humana.
Dessa forma, quando rendemos homenagem de admiração e reconhecimento a um Newton, por exemplo, devemos fazer o mesmo a tantos anônimos que criaram as condições propícias a que os gênios da ocasião pudessem dedicar-se exclusivamente a suas tarefas mentais e sensoriais.
Parabéns, trabalhadores invisíveis de ontem e de hoje! Qualquer um de nós que encare a louça suja do jantar e o passeio do cachorro saberá o quanto vocês (nós?!) também são importantes.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Presente, consciente, responsável
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Por um sistema menos mesquinho
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Parteiro de palavras
Pergunto isso porque, quando comparamos o que o Escritor fala ou escreve normalmente e aquele texto marcante, parece até que foi outra pessoa que escreveu... e acredito que foi mesmo!
Explicando melhor: através da inspiração, o Escritor acessa as ideias no insondável mundo de energias / pensamentos / emoções em que estamos imersos, e através do seu repertório, técnica e conhecimento, ele atua, na verdade, é como um parteiro de palavras, trazendo-as à luz do mundo quadridimensional e promovendo seu agrupamento em famílias - as frases - que por sua vez se unem em clãs - o texto, seja de uma estória, de um relato, de um blog...
Benditos, pois, esses parteiros, que se não trazem a vida, ajudam-na a ter mais brilho.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Máquinas?
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A Maldição do Sucesso
domingo, 14 de agosto de 2011
Mudanças
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Fim do mundo!?
Em 1986, a banda The Smiths gravou Panic, que começa assim:
"Panic on the streets of London
Panic on the streets of Birmingham
I wonder to myself
Could life ever be sane again?"
(Pânico nas ruas de Londres
Pânico nas ruas de Birmingham
Eu me pergunto
Se a vida poderá ser sã novamente?)
e em agosto/2011, vemos a sucessão de saques, incêndios e violência em Londres, Birmingham, Tottenham...
Em 1986, Renato Russo e a Legião Urbana já diziam em Índios:
"E o futuro não é mais como era antigamente"
e em 2011 vemos a Europa enfrentando forte crise econômica e os EUA (USA, se você preferir), indo ladeira a baixo em estagnação, desemprego, crise econômica e outras crises, esfacelando algo que parecia mais sólido e mais eterno do que foram o Império Britânico e o Império Romano.
Junte-se a isso as diversas "profecias" de fim do mundo - 21/12/2012, 22/12/2012 ou 23/12/2012 (isso mesmo, tem gente que diz haver uma divergência no cálculo da data e que por isso o dia correto ainda não pode ser definido); também já ouvi falar que será em 2013, 2015, 2019...
Será que, como a banda R.E.M. gravou em 1987,
"It's the end of the world as we know it (and I feel fine)"?
[é o fim do mundo como o conhecemos (e eu me sinto bem)]
É interessante ver como a arte tantas vezes antecipa a realidade e reflete a vida. E essas "coincidências", o que são? Seriam profetas os artistas que escreveram essas músicas? Seriam todos descendentes de Nostradamus?
Na verdade, os artistas são pessoas com maior sensibilidade, sim, mas que têm outra grande diferença em relação às demais pessoas: eles ESCUTAM sua sensibilidade e procuram viver com ela (bem ou mal; isso é outra história), enquanto a maioria de nós tenta ignorar, esconder ou sufocar a própria sensibilidade, por isso ser coisa condenada neste mundo corporativo, competitivo e selvagem que modela a maior parte dos comportamentos atualmente.
O que a sensibilidade expressa pelos artistas nos confirma é que, sim, isto é o fim do mundo; que todos os dias é o fim do mundo como o conhecemos, pois é característica fundamental da Vida ser dinâmica e ter mudanças.
Acomodados ou alienados, nós é que não percebemos as inúmeras pequenas mudanças que ocorrem todos os dias, e só nos damos conta quando essas mudanças viram uma grande mudança que nos pega de surpresa.
É como os deslizamentos de terra nas encostas dos morros: a água penetra, penetra, penetra, vai deslocando a capa de terra sobre a pedra, até que atinge massa crítica e desliza, arrastando tudo em seu caminho, e nós achamos que esse clímax aconteceu "de repente", que foi falta de proteção divina, quando o ocorreu foi uma seqüência de fatos naturais, aplicação de leis da física, curso normal da natureza - tudo que funciona apesar de nossa ignorância, ingenuidade ou desconhecimento.
A crise econômica nos países do chamado Primeiro Mundo, por mais dolorida que pareça à primeira vista, não deixa de ser muito útil: no ritmo de consumo que essa sociedade impôs, precisaríamos de mais dois ou três planetas para produzir tudo que se poderia consumir (eletrônicos, carros, roupas, etc), muito mais por mero impulso dirigido (consumismo artificial estimulado) do que por real necessidade.
E mais um ou dois planetas só para colocar o lixo produzido por esse consumo desenfreado.
Com a crise, o foco sai do supérfluo e volta ao necessário.
Se lembrarmos que a população do mundo já está na casa de sete bilhões - tem mais gente viva hoje no mundo do que todas as pessoas que já morreram ao longo da história do ser humano - é mero exercício aritmético ver que o modelo de sociedade atual é inviável para a população atual - sem considerar os problemas morais, éticos, etc.
Então, é o fim do mundo? SEMPRE é. Mas, e se for mesmo o FIM DO MUNDO, APOCALIPSE, DIA DO JUÍZO FINAL, ARMAGEDON, RAGNAROK, O HADES SE ERGUER, ETC.? Ora, se é mesmo a época em que homens, anjos e deuses precisam colocar suas contas em dia, não serei eu que irei alterar o saldo desses bilhões de pessoas; se eu cumprir a minha parte, buscando ser uma pessoa melhor e colaborando para o mundo ser melhor, já terei feito muito, e me darei por satisfeito. Responsabilidade, comprometimento e consciência são artigos raros hoje em dia, e eu preciso fazer bom uso do que tenho.
Enquanto o Sol se erguer, eu seguirei em frente; quando o Sol não mais raiar, o resto é mera discussão acadêmica.
Está na Hora de Urano!
Vida
Um novo dia, um novo ciclo, parte de outro ciclo maior; parecido, mas diferente.
Com novidades, surpresas e coisas comuns.
Tudo maravilhoso, mesmo quando não percebemos que é.
A Vida é assim: sempre flui, nos leva com ela, até nas vezes em que teimamos em ficar no mesmo lugar.
Viver melhor é fluir no ritmo dessa Vida - com "V" maiúsculo - aprendendo a aceitar o que é necessário e a modificar o que é preciso.
E descobrir que tão importante quanto o objetivo final, é como se chega a ele, e com quem vamos.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Sorriso
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Realidade
domingo, 7 de agosto de 2011
Crescer
sábado, 6 de agosto de 2011
Evolução
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Ser
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Ora (direis) ouvir estrelas!
Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Ladrões de Tempo
O tempo é uma coisa interessante: todo mundo tem alguma noção do que seja, mas ninguém tem uma definição universal para ele, muito menos uma compreensão que justifique por que o tempo do relógio é tão diferente do tempo quando se está numa situação ruim/chata ou em algo agradável.
Já vi definições de "tempo físico" - aquele que compõe o universo quadridimensional (comprimento, largura, altura, e tempo), marcado pelo relógio e que "passa à velocidade de 60 minutos por hora" (como disse uma personagem de José Saramago) - e de "tempo psicológico", ou de quinta dimensão, que é o que nossa percepção encurta ou alonga, dependendo da situação e de onde estava nosso pensamento e nossa atenção. E continuei na mesma falta de compreensão...
Mas acabei fazendo uma analogia entre o tempo e os talentos da parábola onde três servos receberam, cada um, um talento (moeda) de seu senhor exigente, para cuidarem desse talento durante a ausência do senhor.
O primeiro servo investiu bem e transformou seu talento em cinco; o segundo teve mais dificuldades, mas se estorçou e conseguiu ter dois talentos; e o terceiro, com medo de perder o único talento e ser punido pelo amo, enterrou seu talento e deixou-o escondido.
No retorno do amo, foram os três servos prestar contas do que tinham feito com os talentos recebidos.
Os dois primeiros, que conseguiram multiplicar os talentos, foram reconhecidos e recompensados; o que teve medo, escondendo o talento e devolvendo-o ao amo do mesmo jeito que o recebera, foi punido por sua falta de iniciativa.
Na questão do tempo, todos nós somos os servos, a vida é o amo, e as 24 horas que temos por dia são os nossos talentos. Tem gente que consegue fazer uma grande quantidade de atividades ou de realizações, outros nem tanto, e tem gente que vê as 24 horas passarem sem lograr realizar algo, ficando angustiadas, ansiosas, revoltadas, e por aí vai...
Qual a solução? Usar nosso talento (capacidade) próprio para enfrentar as tarefas e incidentes cotidianos e tirar o máximo de proveito (positivo) e de realização desse talento (24 horas) que todos recebemos igualmente.
E para isso, uma das coisas que precisamos fazer é mudar a forma como permitimos que grandes Ladrões de Tempo nos espoliem:
- Reuniões inúteis ou improdutivas: que tal pararmos de comparecer a reuniões que sabemos que serão pouco (ou nada) produtivas? Se não for possível evitar a todas, façamos nossa preparação para que tal reunião seja produtiva ou útil - nem que seja apenas para nós mesmos;
- Filas: um planejamento prévio nos ajuda a evitar uma porção de filas - pagamentos eletrônicos agendados, escolha de melhor horário para ir a lojas, bancos e supermercados, etc. Se a fila for inevitável, um livro ou revista, smartphone ou mp3 player, são bons recursos para ajudar a aliviar a tensão. Os mais disciplinados podem até levar trabalho para adiantar enquanto estão na fila...
- Congestionamentos no trânsito: planeje rota e horário. Se for inevitável, vale a dica acima, sobre música e leitura.
E ter lanche e água no carro - e ter passado no banheiro, antes de pegar o carro/ônibus, também é fundamental para reduzir o desconforto e o stress;
- Pessoas carentes e sugadoras de energia: OK, seja civilizado, bom samaritano, etc e tal, mas tenha bom senso, e estabeleça limites! Senão, teu tempo e energia serão consumidos, e o carente inconsciente continuará igualzinho, pronto para continuar vampirizando você e os outros.
Em resumo: esteja presente, seja consciente, posicione-se, e tenha coragem de tentar mudar o que não está legal.
Está na Hora de Urano!
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Astrólogo não é adivinho. Ou é?
Uma das primeiras coisas que meu professor de astrologia ensinou é que "astrólogo não é adivinho", porque nós, leitores e interpretadores daquelas "luzinhas" que caminham pelo céu, trabalhamos sobre o conhecimento legado por séculos e séculos (milênios, na verdade) de
estudos, observações e análises.
Assim, Astrologia é ciência, e não oráculo (adivinhação).
Mas, na minha condição de Bruxo Junior - ou Astrólogo Iniciante - foram várias as vezes em que falei coisas a meus clientes, que extrapolavam a mera configuração do céu natal, ou onde os planetas estavam estacionados.
E imediatamente eu suava frio, pensava "Ih! Falei bobagem!", e me preparava para a contestação do cliente... e era surpreendido pela confirmação do que a princípio achei que fora um disparate impensado da minha parte.
Intuição, percepção extra-sensorial (ainda se usa esse termo?), sei lá qual é o nome correto a aplicar; o fato é que o astrólogo é, sim, também um adivinho, no sentido que, sobre o conhecimento técnico e correto que adquire com estudo sério, ele pode - e deve - enriquecer a leitura do mapa do cliente com seus insights. Caso contrário, seria suficiente fazer um programa de computador bom em fazer a interpretação e previsão apenas com os dados técnicos do mapa.
Assim, como em qualquer profissão, o bom astrólogo faz a diferença quando, sobre a excelência técnica da sua profissão, mantém a ética e acrescenta seu quinhão de humanidade (sensibilidade, percepção, empatia, etc) e assim cumpre sua função (missão?) de auxiliar outro ser humano a se enxergar melhor e começar a se compreender melhor.